José Renato Nalini
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O Conselho Europeu ratificou a lei que proíbe a venda na Europa de produtos oriundos do desmatamento. Isso beneficia os brasileiros que ainda não nasceram. Os nascituros, previstos no artigo 225 como detentores do direito ao meio ambiente saudável, talvez não pudessem contar com ele, se o extermínio da floresta continuasse no ritmo dos últimos anos.
Como o dinheiro é o motor que move a consciência universal, talvez agora os destruidores do futuro comecem a pensar em adotar outras práticas, não aquelas de derrubada e fogo, que já levou boa parte da Amazônia Legal, está acabando com o Cerrado e ameaça de extinção a Mata Atlântica.
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A Europa exige o rastreio do gado e isso é tormento para os que não querem cumprir a lei. Há várias hipóteses em curso. Uma delas é o cruzamento de informações do transporte de animais com dados do CAR – Cadastro Ambiental Rural. Seria uma fórmula de verificar se as fazendas que criam gado e o vendem para as indústrias estão desmatando ou não.
Existe uma queda de braço entre o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e Pecuária. Este, predominantemente “desenvolvimentista”, quer proteger o agronegócio. Aquele, hoje titularizado pela ecologista de carteirinha Marina Silva, pensa em algo mais importante do que o lucro imediato dos criadores de gado e vendedores de carne bovina.
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O governo terá de pensar no que prefere. Maiorias eleiçoeiras transitórias, com a liberação das práticas e ênfase no lucro momentâneo, ou solidificação de uma carreira ambientalmente correta, para fidelizar os compradores da carne tupiniquim. É possível fazer a rastreabilidade com uso de brincos ou chips para identificação dos animais. Quem nunca se preocupou com isso não quer gastar.
Os produtores de carne mais afinados com a demanda mundial querem o rastreamento. Já os que criam gado devastando a floresta não querem se submeter. Só que a Europa é séria quanto às exigências de compradora importante. Quem paga pode exigir. E a exigência, nesse caso, protege os brasileiros sem voz, principalmente aqueles que ainda não nasceram. É sempre pela voz autorizada do mercado, de quem compra e pode pagar, que os fornecedores deverão se pautar. Que haja juízo por parte de governo e empresariado brasileiro, para não matar a galinha dos ovos de ouro que é a venda de carne para os europeus. Com essas exigências, eles estão salvando o Brasil de amanhã.
* José Renato Nalini é Diretor-Geral da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras.
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