José Renato Nalini
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Num país inculto e iletrado, em que tudo se resume a rankings, impostos pela desenfreada competitividade, a volúpia pela avaliação do rendimento escolar faz esquecer a verdadeira finalidade da educação pública.
Mais do que a substância, interessa aos políticos profissionais a aparência. A versão é mais importante do que a realidade. Isso ocorre em relação aos Estados-membros, cada qual querendo estar à frente nos índices IDEB e ocorre nos municípios, cada um pretendendo mostrar o primeiro lugar nas incessantes avaliações.
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Uma escola preocupada em fazer o educando memorizar informações, esquecendo-se de que estas podem ser obtidas mediante um clique em qualquer bugiganga eletrônica, só consegue avaliar aferindo a capacidade mnemônica do avaliado.
Aferições periódicas implicam em elaboração de provas. Como são feitas pelos próprios docentes, estes podem negligenciar as aulas, para cuidar da confecção das provas. Depois, subtrairão ao ensino o tempo que levarem para a correção.
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É muito discutível confiar-se nesse tipo de verificação do aprendizado. A educação tem várias finalidades, dentre as quais não está a exclusividade na memorização de dados. O educando precisa desabrochar para o conhecimento, muito diferente do “decoreba” em que é adestrado. Precisa ser capacitado para o trabalho e qualificado para o exercício da cidadania.
Enquanto Estados e Municípios se preocupam com avaliações estatísticas, descuidam das competências socioemocionais. Acreditam nos “estudos”, “pareceres” e “assessorias” de grupos que sempre encontram folga nos orçamentos do governo, vendem suas soluções, embora nunca tenham enfrentado uma sala de aula e convivido com o alunado, sentido os seus anseios, angústias e desafios.
A escola pública já foi melhor. No tempo em que os professores eram respeitados. Um desperdício a extinção do curso Normal, que formava especialistas em alfabetização, assim como deixar de chamar as mestras aposentadas, verdadeiras magas na formação integral de seus discípulos.
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Escola é lugar para ensinar a viver bem, não é vitrine para adornar currículo de candidatos à matriz da pestilência chamada reeleição. Fonte da qual jorram todos os mais intensos males já experimentados por esta terra que já se chamou de “Vera Cruz”.
* José Renato Nalini é Diretor-Geral da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e ex-Secretário Estadual da Educação de São Paulo.
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