José Renato Nalini
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O Brasil que precisa oferecer trabalho digno e suficiente para o sustento do trabalhador e de sua família, tem oportunidade singular de resolver a vida de milhares de jovens. É a tarefa de reflorestar. Faltam mais de um bilhão de árvores nas áreas devastadas do país.
Por que reflorestar? Primeiro, porque é uma questão de salvação da humanidade. A continuar a criminosa, premeditada e insensata destruição da cobertura vegetal, não haverá condições de vida no planeta. No Brasil da insanidade, até o incrível acontece: o Pantanal está secando. Perde-se um dos biomas que nos distinguiam do restante do mundo.
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Segundo, porque reflorestar dá lucro. Os países civilizados têm cerca de setenta trilhões de dólares para investir na descarbonização. Quem tiver mais floresta será o destinatário preferencial desses recursos. Terceiro: nosso país já perdeu a corrida de uma industrialização sofisticada. Oferecer misteres factíveis à juventude é compensar a falta de visão de nossa mais do que imprudente geração.
Uma radiografia do emprego na cadeia de restauração de ecossistemas no Brasil foi levada a efeito pelo engenheiro-agrônomo Pedro Brancalion e equipe. Participaram da pesquisa 356 associações de 24 estados brasileiros que fazem recuperação ambiental, como produção de mudas e plantas nativas. Em 2020, existiam 8,2 mil postos de trabalho nessa área em todo o país. 57% temporários e 43% permanentes. Revelou-se que 44% desses empregos estavam na Mata Atlântica. O Sudeste, não por acaso a região mais desenvolvida do Brasil, concentrava 5.016 vagas, ou 61% do total.
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O estudo permitiu concluir que o Brasil tem potencial para criar mais de um milhão de empregos diretos no setor até 2030, pois precisa restaurar doze milhões de hectares, a meta mínima estabelecida pelo Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, obrigação assumida no Acordo de Paris.
Não é preciso aguardar iniciativa do governo Federal. Estados e municípios têm autonomia para cuidar de seu ambiente. E a sociedade civil tem obrigação de cobrar responsabilidade da Administração Pública. Trata-se de frear a insensatez em curso e de assegurar vida saudável para os que virão e dos quais somos fiadores.
* José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.
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