José Renato Nalini
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A proximidade de um novo governo deixa as pessoas ouriçadas. O mercado quer saber quem será o Ministro da Economia. Haverá mudanças radicais na condução das finanças do Estado? Meras declarações informais impactam as bolsas e o câmbio.
No entanto, mais importante do que a economia é o bem-estar das pessoas. Somente espíritos iluminados é que conseguem desvendar essa verdade tão singela. Um deles é o do economista Amartya Sen, prestes a completar noventa anos e que em 1998 recebeu o Nobel de Economia por focar o aspecto humano de tal ciência. Errática, assim como costumam ser as ciências sociais. Aquelas imunes a avaliações laboratoriais.
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Escreveu um livro de memórias: “Uma Casa no Mundo” e sustenta que, mais importante do que a economia, é o que está acontecendo no mundo. Defende a democracia, pois sem ela não “poderíamos ouvir uns aos outros”. A ausência de democracia impõe silêncio. Isso sim, seria um fracasso radical da vida humana. Secundária a questão do fracasso econômico.
Para ele, o Brasil é um país de muito sucesso em vários aspectos. Só que o aparente sucesso econômico não afasta o pavor de muitas pessoas que não têm meios dignos de boa subsistência. Perseguir justiça social é fazer com que todos os habitantes de um país possam se desenvolver como seres humanos potencialmente capazes de atingir a plenitude, em todos os sentidos. É claro que aí entra a questão econômica. Não há como ser feliz e realizado, se não se tem o que comer.
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O verbo que o Brasil deveria conjugar nos próximos anos é o verbo compartilhar. Compartilhar é um valor que transforma o mundo, que muda a história para os mais vulneráveis. Fazer alguma coisa, um pelo outro, dignifica ambas as existências: a de quem oferece e a de quem recebe.
Há muitas formas de compartilhar. Não é necessário focar exclusivamente o aspecto financeiro. Compartilhar conhecimento é, talvez, mais importante para um Brasil de iletrados, de analfabetos em sentido estrito e de analfabetos funcionais. Sem falar no analfabetismo ambiental e no analfabetismo digital, que nos condenam a permanecer a anos-luz das nações realmente desenvolvidas.
* José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.
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