José Renato Nalini

Despertar a consciência anestesiada

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Incrível pensar que o ser racional capaz de produzir as mais lindas obras de arte, compor as mais emocionantes músicas, redigir as mais tocantes poesias, seja o mesmo animal que maltrata a natureza e destrói o seu único habitat.
 
Pensando nisso, o físico Marcelo Gleiser, que mora nos Estados Unidos, onde ensina no Dartmouth College, escreveu “O despertar do Universo Consciente”, que considera “um manifesto para o futuro da humanidade”.
 
Esse livro, publicado pela editora Record, recapitula o copernicanismo, revolução atribuída ao astrônomo polonês Nicolau Copérnico. Ele sustentou que não é a Terra o centro do Universo, mas o sol. A Terra é um planeta modesto, a orbitar em torno à estrela solar.
 
Dessa tese teria partido o desprezo pela natureza e o endeusamento do ser humano, “criado à imagem e semelhança divina”. Um exagerado antropocentrismo faz com que aos homens se garanta tudo e aos demais seres vivos, a indiferença e a crueldade. Algo que também derivou de equivocada leitura do Gênesis.
 
Só que a humanidade é a única entidade da biosfera terrestre capaz de pensamento abstrato. Suscetível de ser seduzida por uma filosofia pós-copernicana. É certo conceber a Terra como planeta insignificante, o sol como uma estrela a mais, que se adiciona a centenas de bilhões de outras, a formar a Via Láctea. Apenas uma galáxia a mais, pois há centenas de outras pelo cosmos. Na escala cósmica, a Terra é um grão de poeira. Embora azul...
 
É preciso substituir o copernicanismo pelo biocentrismo. A valorização da vida só pode comover os humanos a serem convertidos espiritualmente. Há urgência na reconexão de cada humano com a Terra e com a vida. A proposta de Gleiser é singela: consumir menos recursos críticos quais água e energia. Reaproximar-se do mundo natural. Consciência na aquisição de produtos e bens ecologicamente corretos. 
 
Será que a pregação do cientista Marcelo Gleiser comoverá os corações empedernidos que continuam a exterminar o futuro?
 
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
 

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