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...e deixe falar o coração. É incrível como grande parte das pessoas quer falar e não ouvir. Não consegue assimilar o que o outro fala. Interrompe e comenta. Incapacidade de dialogar. Exercita o monólogo e é especialista em se embasbacar ante o som da própria voz.
Entretanto, é preciso ficar em silêncio, o máximo possível. Ouvir a voz interior. Tentar conhecer-se melhor. Quem é esse “grilo falante” que fala sem parar e vai proferindo frases soltas, sem que anteceda um pensar sobre elas?
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O poder transformador do silêncio é objeto de um livro muito interessante, de um sacerdote espanhol, Pablo d’Ors. O livro “Biografia do Silêncio” foi publicado pela Editora Academia e acredita numa transformação interior a partir de uma serenidade silenciosa. O silêncio é a chave para a redescoberta do “eu” interior. Claro que um tagarela permanecer em silêncio não será fácil. O autor sabe que pode parecer insuportável estar sozinho consigo mesmo. Mas é preciso perseverar, esperar o lodo assentar. Só então, terá início o processo de autoconhecimento, a reconciliação com o que somos, a aceitação da vida como ela é.
É a meditação que ensina o ser humano a ser mais humilde, a ter compaixão pela miséria dos outros, a se considerar uma parte ínfima do todo. Meditar é o treinamento para que as pessoas não se levem tão a sério, pois o contrário é um complicador.
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Para o Padre Pablo d’Ors, a pandemia enviou duas mensagens: uma ética e a outra mística. A ética aconselha a nos preocuparmos com o futuro, tão negligenciado por uma vida consumista, de desperdício e de maltrato aos recursos naturais. A mística diz que somos todos um, que estamos interligados. Todos submetidos ao destino que a humanidade traçou e escolheu: talvez o fim da aventura humana sobre um Planeta que não soubemos respeitar.
Algo que parece difícil é não resistir à dor. Mais do que a dor, o que nos destrói é resistir a ela. “Não resistir ao mal” (Mateus, 5-39), é um ensinamento pouco compreendido e, por isso, pouco observado.
A meditação também ensina a desfrutar da vida: comungar com tudo o que existe. O desafio é obter a unidade, a harmonia e a comunhão, pois o cenário parece o da multiplicidade, da beligerância e da desunião. O silêncio é nada e é tudo. Ajuda-nos a saber quem realmente somos.
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