José Renato Nalini
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O mês de junho de 2022 foi um mês trágico. Irônico e paradoxal que o mês dedicado às festas juninas, que tem fogueiras como protagonistas, tenha sido o palco de nefastas queimadas na Amazônia. Foram detectados 2.562 focos de incêndio na região mais atacada pela cupidez e pela criminalidade organizada, anistiada e incentivada por um desgoverno que “soltou a boiada” da devastação. Foi o pior junho desde 2007.
Essas queimadas foram detectadas pelo perseguido Inpe-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, cujo superintendente foi exonerado porque ousou dizer que as coisas não iam bem. Durante o primeiro semestre de 2022, foram registrados 7.533 incêndios na quase eliminada “hileia verde”, patrimônio da humanidade, que o Brasil sozinho condenou à extinção.
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No bioma do Cerrado, menos coberto de verde, houve 4.239 registros de fogos ilícitos. Tudo converge para as más notícias, inclusive aquelas que partem do Programa Queimadas e do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon. Apurou-se que a cada mês ocorreram novos recordes de desmatamento. É a maior área devastada em quinze anos e os municípios campeões no extermínio do verde foram Apuí, Lábrea e Novo Aripuanã, todos no Amazonas, e Altamira e Novo Progresso no Pará.
Além de omissão que chega a ser criminosa, o Brasil continua a insistir em protagonizar a triste figura de “pária ambiental”. O que dirá em 2023 no Egito, quando comparecer à COP-27, já que está descumprindo os compromissos assumidos em Glasgow, durante a COP-26?
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Bem ao contrário do reflorestamento, urgente e imprescindível, as queimadas adicionaram 21% de emissões de gás carbônico, os venenos causadores do efeito-estufa. Quem responderá por isso? Já as vítimas formam uma legião. Viventes e nascituros. Seria bizarro, se não fosse terrível, recordar que o artigo 225 da Constituição da República inova em dimensão transgeracional, garantindo direito ao ambiente saudável para as futuras gerações. Triste nação que descumpre a Constituição e convive com a delinquência cada vez mais próspera e mais sofisticada.
* José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.
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