José Renato Nalini

Atraso de vida

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O Brasil retrocede na promessa de retomada da consciência ecológica e investe na exploração de petróleo. Quando se sabe que esse combustível fóssil é o responsável maior pelas mudanças climáticas, o maior perigo que ameaça a humanidade, incompreensível que o país com maior potencial de vir a ser a grande potência verde, estranha-se o claudicar.

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O ufanismo de pretender aumentar a produção brasileira de petróleo, para fazer o Brasil pular do oitavo para o quarto lugar, desconsidera a fragilidade da Amazônia para ser palco dessa exploração. Pretende-se perfurar a foz do Amazonas, região que está sob o olhar aflito do planeta, depois do extermínio praticado nos últimos anos.

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A notícia coincide com o fato de que alguns interessados em perfurar a costa brasileira anunciaram a renúncia ao plano, porque a região é inóspita e sem futuro.

Não é séria a promessa brasileira de procurar o resgate reputacional de quem foi levado a ser considerado pelo mundo inteiro como “Pária Ambiental”. Os cientistas advertem que não há mais tempo para refrear a escalada na elevação da temperatura, resultado dos gases causadores do efeito estufa, sob pena de se acelerar a marcha rumo à catástrofe derradeira. Isso pressupõe o cancelamento de autorizações para exploração de petróleo. Contra isso, proclama-se o surreal: procurar petróleo numa região vulnerável. É uma área que abriga imensos sistemas de recifes de corais, a região em que o Amazonas deságua no mar e leva nutrientes até o Caribe, alimentando uma biodiversidade exuberante.

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A Petrobrás, mesmo depois dos escândalos, mostra-se potente. Registrou lucro de quase duzentos bilhões em 2022. Deveria aplica-los na transição energética. Na restauração de áreas desertificadas após o cultivo da cana em São Paulo, como recomendou o cientista José Goldemberg em artigo recente. O Brasil tem de ser exportador de energia verde, tem de aproveitar a força do vento, as marés, o aproveitamento dos refugos da cana-de-açúcar, consolidar o projeto hidrogênio verde. Não estacionar no petróleo, que já deveria estar proibido em todo o mundo, diante de sua gravíssima potencialidade letal. Mas estamos no Brasil! Aqui, tudo é possível!

* José Renato Nalini é Diretor-Geral da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras.   

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