José Renato Nalini

Assim é que deve ser

Continua depois da publicidade

Para quem não se conforma com o atraso da educação brasileira, fincada em fazer o aluno decorar informações e desistir de pensar, o projeto das Fatecs noticiado por Emerson Vicente é um sopro de esperança. Professores e alunos da Faculdade de Tecnologia de São Paulo, unidades Tatuapé e Jaú, vão construir três embarcações que percorrerão o rio Amazonas para provar que ele é o maior rio do mundo. Maior em extensão do que o Nilo do Egito.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

O Inpe- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais concluiu que o Amazonas tem 6.992 km e supera o Nilo, com 6.852 quilômetros. Mas o principal é fazer com que os alunos conheçam a realidade amazônica e contribuam com a construção de barcos existentes, feitos com material acessível e sustentável. Não é uma aula teórica, mas um projeto PBL, do inglês Problem-Based Learning, a aprendizagem a partir do problema.

Continua depois da publicidade

Os barcos serão ecológicos, pois movidos a energia solar e por força física dos próprios ocupantes. A pedalada fará com que eles se exercitem durante a viagem. Serão embarcações do tipo trimarã, com três cascos: um maior no meio e dois menores, um de cada lado. Fabricados com fibras naturais, como cânhamo e juta e resina vegetal feita com óleo de mamona.

Os assentos dos barcos serão ergométricos e o motor também será criado especialmente para o projeto. Peças feitas por impressora 3D, depois fabricadas em metal e mais uma produção do alunado da Fatec. Quando a expedição terminar, os barcos serão doados para as populações ribeirinhas e indígenas. Também haverá o repasse da tecnologia desenvolvida.

Continua depois da publicidade

Dessa iniciativa resultarão produções como uma websérie, um longa Imax, filmado com câmeras especiais para telas maiores do que as de cinema comuns e um documentário educacional, a ser distribuído em museus de quarenta países.

Ao final da expedição, o programa terá uma extensão: a proposta de “21 Projetos para a Amazônia no Século 21”. É isso que o Brasil precisa propiciar à sua juventude: não se ama aquilo que não se conhece. E a Amazônia, tão falada, tão comentada, tão importante, é ignorada pela maioria da população nacional. Lição também para as escolas que ainda acreditam no decoreba e não se preocupam com o futuro sem perspectivas de seus educandos desalentados.

* José Renato Nalini é Diretor-Geral da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras.

Continua depois da publicidade

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software