José Renato Nalini
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A certeza de que o mundo corre perigo por causa da insanidade humana foi proclamada durante décadas pelos cientistas. Eles já não clamam. Estão estressados, combalidos, desalentados. Agora, quem fala é a natureza. E parece que continuam a se recusar a ouvi-la.
A estratégia ESG, para fazer com que as empresas cuidem simultaneamente do ambiente, das questões sociais e da governança, tende a sofrer do mesmo fenômeno greenwashing que já ocorreu há pouco. Maquiagem ecológica, algo cosmético, sem condições de realmente fazer com que, na prática, os três eixos merecessem atenção séria e efetiva.
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O ressurgimento de um equivocado nacionalismo, eivado de fanatismo, faz com que em alguns dos países mais poluidores, haja um retrocesso na política ambiental. E o Brasil não é diferente, com essa incongruência de pretender voltar à condição de promissora potência verde, mas, ao mesmo tempo, explorar petróleo na foz do Amazonas.
O otimismo de Jerson Kelman, grande brasileiro e especialista no tema, vê com esperança a concessão de quinze mil hectares da Floresta Nacional do Bom Futuro (RO) para preservação do verde e uso do Fundo Internacional Florestas Tropicais para Sempre. Será uma das propostas da COP30. Ele acredita na vantagem comparativa: a transformação de resíduos orgânicos da agricultura em biocarvão, via pirólise, que é incineração sem oxigênio. Esse biocarvão, aplicado ao solo, aumenta a produtividade agrícola e sequestra carbono.
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A transformação do bagaço de cana no Brasil em biocarvão representaria sequestro anual de cem milhões de toneladas de CO2, o equivalente ao mercado regulado de carbono do Reino Unido.
Enquanto isso, a regulamentação do nosso mercado de carbono oficial retarda, já que as duas Casas do Parlamento têm assuntos mais sérios para decidir. Será que um dia os responsáveis pela política brasileira, principalmente no âmbito federal, adquirirão consciência da gravidade do quadro climático e farão alguma coisa para tentar salvar a humanidade do desastre total?
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