José Renato Nalini
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É célebre o texto da conferência proferida por Max Weber, sobre “Política como Vocação”. Ele iniciou dizendo que política permite inúmeras acepções. Delimitou-a à arte de governar, de gerir o Estado. Lembrou que Trotsky afirmara: “Todo Estado se funda na força!”. Deu o seu conceito de política: “conjunto de esforços feitos com vistas a participar do poder ou a influenciar a divisão do poder, seja entre Estados, seja no interior de um único Estado”.
Menciona o surgimento, no decorrer da história, do “político profissional”. Afirma serem possíveis múltiplas formas de dedicação à política, ou seja, é possível, de inúmeras maneiras, exercer influência sobre a divisão do poder entre formações políticas diversas ou no interior de cada qual delas. A política deixou de ser “ocasional” e se tornou “profissional”.
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Há duas maneiras de fazer política, ensina Max Weber: ou se vive “para” a política ou se vive “da” política. É comum confundirem-se ambas, ou se vier para e da política simultaneamente. Quem vê na política uma permanente fonte de rendas, vive “da” política. O ideal é que o homem político, em condições normais, fosse economicamente independente das vantagens que a atividade política lhe pudesse proporcionar. Quer dizer: é indispensável possua fortuna pessoal ou tenha, no âmbito da vida privada, situação suscetível de lhe assegurar ganhos suficientes. Isso remete ao tempo em que as Câmaras Municipais congregavam homens de bem que tinham suas profissões e delas extraíam meios de subsistência. As sessões semanais eram exercidas como forma espontânea de contribuir com a elaboração de normas, não se pensava em remuneração.
Hoje é diferente. Desde que existem os Estados constitucionais e mesmo desde que existem as democracias, o demagogo tem sido o chefe político típico do Ocidente. O demagogo é aquele que, no discurso, afirma viver “para a política”, mas – na verdade – ele vive “da política”. Dela extrai seus ganhos e, o que tem sido comum neste sofrido Brasil, envolve-se em operações que lhe garantem ganho extra, nem sempre legítimo.
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A política é uma atividade que deveria ser rotativa: há muitos cidadãos aptos ao seu desempenho. Por que insistir nos mesmos, nessas castas produzidas pelo nepotismo e pela aura sacra fames (a sagrada fome pelo dinheiro?).
*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.
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