IA: não sou uma, sou muitas!

José Renato Nalini

IA: não sou uma, sou muitas!

Por onde andam nossas almas?

O insumo gratuito de que todos somos providos, mas ao qual não emprestamos o devido valor, chama-se tempo. Ele é escasso, na sua versão individual. Desperdiçamo-lo, pensando que é infinito. Sua vocação é mesmo a infinitude. Mas para nós, ele reserva algumas décadas. Não mais.

E nossos dias dão consumidos em rotina que não permite pensarnisso. Há tarefas a cumprir, compromissos a honrar. Mal se inicia uma semana e logo se está na sexta-feira. Os idosos, costumamos dizer: alguns minutos são longos. Como aqueles em que passamos num consultório médico ou nos submetendo a um tratamento dentário. Mas os anos
passam voando. Esquecemo-nos de que também nós somos finitos. Mal nascemos, começamos a contagem decrescente para a morte. 

Implacável, essa ocorrência tão democrática: não poupa ninguém. O dia-a-dia engole as horas e faz relegar o mais importante. A edificação e o aprimoramento do nosso caráter. “O caráter não é herdado.

A pessoa o desenvolve diariamente, conforme pensa e age, pensamento por pensamento ato por ato”, dizia a escritora Helen Gahagan Douglas (1900-1980). Algo já afirmado por Aristóteles, ao ensinar que virtude é prática e não dom. Se todos os dias fazemos algo de bom, sem perceber nos tornamos virtuosos.

Às vezes cuidamos do corpo. Raramente nos preocupamos com a alma. Ela é essencial, pois nos governa. Sem alma, somos autômatos, marionetes movidos pelas circunstâncias. Por onde anda nossa alma? Ela é o que garante nossa coerência, ela mantém a funcionar nossa consciência, cujo tribunal é muito peculiar. Se estiver em ordem, é muito mais severo do que o Judiciário. Nossa alma nos impõe o dever de cuidar também do nosso irmão, sem poder responder como Caim: “Por acaso

sou guardião do meu irmão?”. Quando não nos sentimos responsáveis pela exclusão, pela miséria, pelo abandono, assumimos a nossa parte nessa espécie de homicídio homeopático.


Façamos nosso exame de consciência diário e, mais do que isso, nosso exercício para robustecer as virtudes d’alma. Delas necessitamos para justificar a nossa passagem pela Terra. Se nada for melhor depois deste nosso estágio, de que valeu termos chegado e aqui permanecido?

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