Engenharia do Cinema

Com 'Golpe de Sorte em Paris' Woody Allen se despede das telonas no automático

Depois de diversas polêmicas em torno de sua vida pessoal no cenário do movimento Me Too, o cineasta Woody Allen foi totalmente cancelado em Hollywood. Após seus contratos serem encerrados com vários importantes estúdios (principalmente como a Amazon), ele se viu obrigado a rodar seu 50ª filme (e possivelmente último) na França. Com um elenco totalmente nativo do país e falado neste idioma, em "Golpe de Sorte em Paris" ele opera mais uma vez no piloto automático.

A história gira em torno de Fanny (Lou de Laâge) e Alain (Niels Schneider), colegas de escola que se reencontram depois de anos e começam a ter um caso. A situação se complica quando o marido dela, Jean (Melvil Poupaud), desconfia do fato.

Desde os anos 2000, as produções de Allen parecem estar bebendo da mesma fonte. Sempre há uma trama sobre infidelidade, onde o Talarico quase sempre é a personificação do próprio veterano. Porém, a graça está nos assuntos levantados pelos personagens diante das situações apresentadas.

Quando eles dão certo, o Oscar chegava. Foi como aconteceu com "Meia-Noite em Paris" (roteiro original), "Vicky Cristina Barcelona" (atriz coadjuvante para Penélope Cruz) e "Blue Jasmine" (atriz para Cate Blanchett). Na situação oposta, eles chegam a passar em branco como foi em "Festival do Amor", "Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos" e "Roda Gigante". 

Com relação a esta sua nova produção, parece que Allen apenas queria concluir um desejo pessoal de "entregar seu filme de número 50". Reciclando quase tudo que vimos nos últimos anos, ele começa a pisar no acelerador apenas na metragem dos 40 minutos. 

Depois do sucedido longa estrelado por Owen Wilson, Allen retorna de forma bastante tímida a Paris. Porém, a sensação é que a maior parte do orçamento foi gasta em uma sequência envolvendo um avião de pequeno porte, pois a única coisa da paisagem francesa que vemos agora são os jardins de Versalhes e com o próprio Palácio ao fundo. Faltou aquela "justificativa" de colocar o cenário como um coadjuvante da trama.
 
Mesmo com Schneider transparecendo um bom alter-ego do veterano, o show é da atriz Lou de Laâge ("Branca Como a Neve"). Sua construção é bem executada e compramos suas decisões perante ao cenário pelo qual ela está passando. Só que faltou um pouco mais da malícia e curiosidade que o veterano colocava em suas protagonistas femininas.

Ao dividir a cena com Poupaud, a única sensação que sentimos é a do suspense, pois mesmo com uma atmosfera cômica (datadas algumas decisões absurdas do próprio), não deduzimos a gravidade do seu próximo passo. 

"Golpe de Sorte em Paris" é uma despedida fraca de Woody Allen, que deveria ter entregue algo mais digno do seu legado.

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