Engenharia do Cinema

Shyamalan faz uma ‘Armadilha’ mental com o seu espectador

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Desde que anunciou a produção de "Armadilha", o título foi vendido como uma ideia inusitada, uma vez que por conta dos shows de Taylor Swift sempre estarem em alta, muitos não imaginaram que poderia ser tirado deste contexto uma trama de suspense. Conhecido por seu talento em conceber interessantes reviravoltas, o cineasta M. Night Shyamalan realmente soube trabalhar este assunto, mas com algumas ressalvas.

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Ao levar sua filha Riley (Ariel Donoghue) para um show da cantora Lady Raven (Saleka Shyamalan), Cooper (Josh Hartnett) descobre que o local está cercado por policiais e agentes federais, com o intuito de conseguir caçar um perigoso serial-killer conhecido como "Açougueiro". Porém, ninguém imaginou que o tal assassino é ele próprio.

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Shyamalan concebe a sua narrativa como se estivéssemos na perspectiva de um próprio psicopata, de uma forma que o deixe sempre em primeiro plano. Por isso, durante boa parte da trama há facilitações narrativas, soluções em um estalar de dedos e espaço de sobra para um humor negro. Exatamente como uma pessoa nas condições de Cooper veria os desafios neste cenário. Pode até parecer um descuido no roteiro, mas isso é explanado se começarmos a refletir um pouco mais além do que é apresentado.

Isso funciona não apenas pelo trabalho de direção, mas pela atuação do próprio Hartnett. Totalmente à vontade, ele consegue transpor toda sua preocupação, medo e frieza necessários. Diante disso, nós não apenas torcemos para ele, como sentimos o temor de sua presença. Por isso, a sedução do psicopata com os coadjuvantes e o próprio espectador, é a graça desta trama.

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Mesmo com os vários desafios e situações colocadas para ele fugir da polícia soarem hilárias (dependendo do ponto de vista), a ambientação do espetáculo funciona por se assemelhar aos detalhes reais dos fatos que podem acontecer em um local repleto de adolescentes.

Infelizmente o mesmo não se pode falar de Saleka (filha do próprio M. Night), pois como atriz, ela é uma ótima cantora (inclusive, seu estilo musical remete a própria Swift). Ao entrar em um lado mais sério para sua personagem, ela não transparece ter um grau mais plausível de dramatização. 

Assim como nas suas habituais produções do cineasta, ao nos aproximamos do arco final, há uma sensação que tudo não foi inserido gratuitamente, mas que ele houve um tratamento homeopático para o tal. 

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"Armadilha" é um Shyamalan no modo psicológico, pois ele nitidamente coloca em cheque se a própria arapuca é para o antagonista ou público

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