Engenharia do Cinema

‘Senna’ é uma carta de amor a um legado histórico

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Durante anos, Hollywood e o cinema nacional tentaram trazer às telonas a trajetória de Ayrton Senna. Nos anos 2000, a família do piloto conversou com o ator Antonio Banderas para interpretá-lo, onde inclusive fez uma breve preparação para isso, mas não deu certo. 

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Apesar de vários documentários sobre ele serem feitos até então, foi em 2020 que a Netflix e a Gullane se acertaram para desenvolver uma minissérie dramatúrgica sobre os principais momentos da vida de Senna.

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Estrelada por Gabriel Leone, a produção já começou com polêmica, pois a própria família do piloto não queria o envolvimento e a citação de sua vivência com sua última namorada, Adriane Galisteu. 

Enquanto ela aparece em menos de dois minutos, sua ex-namorada Xuxa Meneghel, teve um episódio inteiro dedicado à relação deles (com passagens que ele viveu com a própria Galisteu).

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Problemas à parte, a obra conduzida por Vicente Amorim, Julia Rezende e Marcelo Siqueira nos leva ao período onde Ayrton Senna dominava as pistas e unia uma nação que clamava suas vitórias.

Dividida em seis episódios com cerca de uma hora, a minissérie acompanha toda a sua trajetória desde quando começou a se interessar pelo automobilismo, passando por sua vida amorosa, rivalidades, até sua trágica morte em Bolonha, na Itália.

É unânime que todos os envolvidos sabiam como a energia dele era positiva para os brasileiros, em um período onde o povo estava começando a viver cenários terríveis por conta de problemas sociais e políticos.

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A principal válvula de escape da população era assistir e vibrar ao ver a bandeira do Brasil ser levantada inúmeras vezes nos pódios da Fórmula 1. É essa sensação que Amorim transmite durante boa parte de sua produção.

A começar que ele escolheu começar a atração a partir do dia do fatídico acidente, mas na perspectiva de terceiros. O intuito era mostrar sutilmente o quão ele era próximo dos brasileiros, e isso parou uma nação.

Sob uma trilha sonora com músicas como "Forever Young", "More Than A Feeling" e "Blue Monday", somos transportados para os anos 80 e 90, período onde a sua imagem começou a ser moldada. 

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Mesmo sabendo o resultado de algumas corridas, como a ocorrida em Interlagos, a vibração é instantânea por conta do realismo presente. A câmera intercala com a visão das pistas, carros e do próprio Senna, e em momento algum tira o foco da ação destas sequências.

Em mais um show de atuação, Leone convence constantemente que é o próprio Senna. Seja pelo jeito tímido, teimoso e focado em suas decisões, vemos o piloto renascido durante os seis episódios. Em seu contraponto, o ator Matt Mella faz um excelente Alain Prost, onde em um primeiro momento eram grandes rivais e aos poucos nasce uma relação respeitosa entre eles.

Vale enfatizar também as participações de Kaya Scodelario, que interpreta a jornalista fictícia Laura Harrison (e segundo a própria atriz é uma mescla de vários repórteres que acompanhavam Senna) e Pâmela Tomé, que está idêntica a própria Xuxa (tanto na caracterização, como na voz).

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Além da questão com Galisteu, a atração peca somente no excesso de diálogos com frases de efeito (quase sempre ditas por Laura) e na santificação da imagem do piloto, pois não vemos quase seus erros na vida.

"Senna" termina como uma digna homenagem sobre um dos maiores nomes do Brasil, e que sua produção mostra que o nosso país é capaz de entregar obras belíssimas. 

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