Engenharia do Cinema

Segunda parte de 'Duna' da adeus ao sonífero e olá para a ação

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Ao ficar encarregado de dirigir a nova adaptação cinematográfica de "Duna", o cineasta Denis Villeneuve ("A Chegada") notou que era uma missão difícil, dada a complexidade da obra de Frank Herbert. Enquanto Alejandro Jodorowsky (cuja versão estrelada por Mick Jagger sequer saiu do papel, nos anos 70) e David Lynch (responsável pela horrorosa adaptação de 1984) não conseguiram, o canadense propôs para a Warner dividir a adaptação em duas partes (embora a terceira já tenha sido confirmada por ele, na CCXP23).

A primeira parte (lançada em 2021) não fez um sucesso plausível (graças a ideia de "gênio" da HBO Max, em lançar o título em seu catálogo no mesmo dia do lançamento dos cinemas nos EUA), mas conseguiu explicar como funcionava aquele universo e seus personagens. Já esta segunda, possui o seguinte ponto: todos já sabem como tudo funciona, então vamos brindar o espectador com a mais pura ação, das formas mais bem exploradas neste cenário. Isso não só deu certo, como a bilheteria mundial já chegou aos US$ 178,50 milhões.

Começando no ponto onde o original parou, com Paul Atreides (Timothée Chalamet) sendo visto como um novo Messias e unindo forças com Chani (Zendaya), Stilgar (Javier Bardem) e os Fremen, nativos de Arrakis, para combaterem o exército do tirano ditador Baron Harkonnen (Stellan Skarsgård).

Villeneuve aposta desde seu princípio em continuar estabelecendo a jornada do herói de Paul (com um Chalamet totalmente à vontade), de uma forma digna e humana. Com seu treinamento ainda sendo proposto desde os primeiros minutos, principalmente na hora de domar os Shai-Hulud (que são as "minhocas gigantes, que aparecem na areia"), continuamos desenvolvendo a empatia por sua trajetória, principalmente sua química excelente com Zendaya (cuja personagem é realmente uma guerreira convincente, ao contrário das Galadriel da vida, em "Os Anéis de Poder").

Ao mesmo tempo, o roteiro ainda encontra brechas para continuar contando dignamente as histórias da mãe de Paul, Jessica (Rebecca Ferguson, em uma das mais interessantes subtramas); do misterioso e psicopata sobrinho de Baron, Feyd-Rautha (Austin Butler, em excelente atuação); e ainda prepara terreno para o arco envolvendo o Imperador (Christopher Walken) e sua filha Irulan (Florence Pugh), que possivelmente serão melhor explorados na terceira parte. O mesmo pode-se dizer da Lady Margot Fenring (Léa Seydoux), que aparece relativamente pouco também.

Embora o cenário em sua maioria seja em pleno deserto (cujas cenas foram gravadas nestes locais, em Jordânia e Abu Dhabi), os efeitos visuais em torno das cenas de ação continuam sendo o grande destaque. Com uma mescla de efeitos práticos com CGI, fica perceptível que Villeneuve não queria beber apenas de explosões baratas e naves atirando. Uma vez que há as clássicas batalhas de espadas, lutas de corpo a corpo, perseguições e principalmente: não há espaço para a lentidão tão criticada na primeira parte.

Com quase três horas de duração, o ritmo criado nas cenas de ação, entrelaçado com a narrativa dramática, não faz nos faz sentir esta metragem (remetendo até mesmo a "Vingadores Ultimato" e "O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, embora aqui não se trate do último filme da saga).

"Duna - Parte 2" tira seu título de sonífero, apresentando ótimas cenas de ação em torno de um universo cujo potencial seguirá sendo explorado pelo cinema nos próximos anos. Que venha "O Messias de Duna".

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