Engenharia do Cinema
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Presente em 11 categorias do Oscar 2024 (incluindo em filme, direção, atriz para Emma Stone e ator coadjuvante para Mark Ruffalo), "Pobres Criaturas" é uma das produções mais malucas entre as indicadas nesta edição. Dirigido pelo cineasta Yorgos Lanthimos ("A Favorita"), a trama mescla não apenas as obras "Frankenstein" e "O Gabinete do Dr. Caligari", como homenageia o expressionismo alemão em seu visual e personagens.
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Inspirado no livro de Alasdair Gray, a história gira em torno de Bella (Emma Stone), uma mulher que é renascida pelo médico e estudioso Godwin Baxter (Willem Dafoe). Sem saber muito sobre o que aconteceu, aos poucos ela começa a se adaptar na nova vida, em meio a uma sociedade que não se importa com quem ela realmente é.
Temos aqui a definição do termo “atuação perfeita”, personificada em uma pessoa: Emma Stone. Desde os primeiros segundos em cena sentimos seus comportamentos de descoberta, insistência, medo, felicidade, tristeza e sexualidade, aflorados conforme os dias vão avançando.
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Não entrarei em detalhes sobre isso, pois cairei em território de spoilers e saber muito sobre da obra pode lhe fazer perder a experiência completa. Mas com certeza, o Oscar de melhor atriz vai para ela (e será sua segunda vitória, após "La La Land").
Embora ela funcione perfeitamente, sobre o seu contraponto, interpretado por Mark Ruffalo, não podemos dizer o mesmo. Com um personagem apresentando uma tonalidade fora de tom daquela narrativa, ele não transparece um vilão como deveria ser. Mesmo com o roteiro de Tony McNamara, se esforçando para lhe colocar como responsável pelos atos mais grotescos e surreais com Bella. Por mais que seja uma narrativa beirando ao expressionismo, não justifica seu péssimo trabalho.
Ao contrário de Willem Dafoe, que além de estar com uma maquiagem que o deixou irreconhecível, sua atuação é enfatizada por conta dos olhares, comportamentos e vivências que fizeram Godwin não só deixar Bella sob a sua tutela, mais também transparecendo o receio da sua criação enfrentar toda a maldade presente no mundo.Conseguimos gostar de seu personagem facilmente, mesmo com algumas decisões erradas.
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O roteirista também adiciona na história algumas questões polêmicas na sociedade atual, como machismo, violência contra mulher e abusos sexuais. Apesar de ser muito bem apresentado, o texto facilmente poderia ser aplicado para o sexo oposto, já que no escopo dele mostra como o ser humano consegue ser maléfico, diante de uma pessoa ingênua e sem más intenções (alô, Pinóquio).
Outro ponto que chama bastante atenção dentro do longa é o trabalho realizado pela direção de arte, que apresenta um visual beirando ao expressionismo alemão. Com destaque no arco envolvendo Lisboa, onde Bella tem um breve deleite. Neste momento, em específico, o visual é carregado com fortes tonalidades amarelas (cujas sensações remetem a alegria e juventude).
E é neste tópico que a fotografia de Robbie Ryan se torna outro quesito bastante interessante. Além de apresentar os primeiros minutos no formato preto e branco (para justamente remeter ao clássico "Frankenstein"), ele começa a injetar cores em cena, à medida que Bella começa a amadurecer e vivenciar algumas coisas. Por exemplo, além da questão da já mencionada, quando ela está explorando sua sexualidade, ele opta por tons avermelhados, mesclando com o amarelo.
"Pobres Criaturas" termina como um retrato da feminilidade, entrelaçada em uma fábula moderna.
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