Engenharia do Cinema
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Depois de um ótimo lançamento nos cinemas com "Barbie", onde o longa da boneca obviamente se deu melhor nas bilheterias (US$ 1,44 bilhões contra US$ 957,70 milhões mundialmente), "Oppenheimer" tem atropelado a produção de Greta Gerwig e brilhado nas premiações.
Possivelmente sendo o responsável por finalmente dar ao cineasta Christopher Nolan seu devido reconhecimento no Oscar, já que ele venceu todas as indicações por onde foi citado, como no DGA, BAFTA, Critics Choice e Globo de Ouro. O mesmo pode-se dizer de Robert Downey Jr., pois também veremos o eterno Tony Stark levando o careca dourado para casa, no próximo dia 10 de março (depois de levar todos os prêmios mencionados também).
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Estrelado por seu parceiro de longa data, Cillian Murphy (que passou de coadjuvante, para protagonista), acompanhado de vários outros nomes famosos como o próprio Downey Jr., Emily Blunt, Matt Damon, Florence Pugh, Josh Hartnett, Jason Clarke, Kenneth Branagh e Rami Malek, este fator só aumentou a curiosidade de muitos quando foi lançado.
Inspirado no livro de Kai Bird e Martin Sherwin, o enredo mostra a trajetória do famoso físico J. Robert Oppenheimer (Murphy), que durante os anos 40 foi convocado pelo Serviço Secreto dos EUA para auxiliar no Projeto Manhattan, responsável pela criação da bomba atômica.
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Temos aqui o longa mais político e sério na carreira de Nolan, uma vez que ele já se tornou um grande nome do cinema de ação (por sempre realizar suas cenas de forma prática, sem CGI excessivo). Se assemelhando a clássicos como "JFK" (de Oliver Stone) e "Treze Dias Que Abalaram o Mundo" (de Roger Donaldson) e "Amadeus" (que coincidentemente o trabalho do diretor Miloš Forman foi consagrado com 8 Oscars, há quase 40 anos), a narrativa é dividida em três fases temporais.
A primeira é no julgamento de Oppenheimer, quando foi acusado de enviar informações secretas para os soviéticos; a segunda é seu depoimento sobre essas acusações para o FBI; a terceira é a retratação de sua vida, desde quando era um universitário, até se tornar um dos maiores nomes da física. Antes que questionem a complexidade, sim, era necessário ter uma abordagem deste porte para retratar estes fatos, com as três horas de duração, sendo justas.
Isso só consegue ser mais plausível, pois Murphy se entregou no papel e ele divide sua personalidade em várias camadas. Sendo um gênio da física e político, que acreditava nos ideais militantes e pró-socialismo, que afetou as decisões de sua vida. Sua possível vitória no Oscar será mais do que justa.
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Com relação ao restante do gigantesco elenco, os destaques acaba realmente sendo para Emily Blunt (Kitty Oppenheimer, cujo arco no interrogatório justificou sua indicação ao Oscar), Matt Damon (o general Leslie Groves), Robert Downey Jr. (em um dos seus melhores papéis na carreira, como o filantropo Lewis Strauss), Josh Hartnett (o cientista nuclear Ernest Lawrence) e Benny Safdie (o físico Edward Teller).
Ciente que muitos não conhecem a história de Oppenheimer e a atual geração (em grande parte) desconhece bastidores da Segunda Guerra, Nolan conduz seu roteiro de forma sutil, sem ser complexo, ou seja, ele foca nos detalhes políticos (sem deixar um viés político beirando para esquerda ou direita, uma vez que Oppenheimer era ligado a movimentos comunistas) e sociais da história, deixando a bomba atômica como um coadjuvante de luxo.
Mas quando ela está começando a ganhar forma, a mixagem de som realmente é sentida de uma forma bastante impactante (por isso, optem por conferir com uma qualidade acústica boa, não necessariamente sendo em IMAX), e a trilha sonora de Ludwig Göransson (que já trabalhou com Nolan, em "Tenet") consegue ser um toque de classe ao focar em notas agudas de teclado e violino não só nos momentos antecedentes a este, como durante vários diálogos chaves. E já adianto, que também será justa a vitória de ambos trabalhos no Oscar.
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"Oppenheimer" faz jus ao que prometia, ao retratar a vida de um dos nomes mais polêmicos e enigmáticos da Segunda Guerra Mundial.
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