Engenharia do Cinema
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A atriz Anna Kendrick ficou famosa por conseguir roubar a cena nos filmes da "Saga Crepúsculo". Após ser indicada ao Oscar por "Amor Sem Escalas", e participar da trilogia "A Escolha Perfeita", ela resolveu se aventurar atrás das câmeras em "A Garota da Vez". Adquirido pela Netflix no Festival de Toronto 2023, foi lançado no Brasil pela Diamond Films e exibido nos cinemas. A premissa pode até ser interessante, mas sua problemática execução joga uma oportunidade no lixo.
Baseado em fatos reais, a história mostra a atriz Sheryl (Kendrick) que resolve ingressar em um programa de namoros na televisão, para tentar impulsionar a sua carreira. Só que ela não imaginava que um dos "pretendentes" era o perigoso serial-killer Rodney (Daniel Zovatto).
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Perceptivelmente Kendrick queria aqui aumentar seu ego profissional e inserir mensagens atuais em pleno cenário dos anos 70. Por conta de sua problemática montagem, que intercala sua passagem no programa televisivo com os crimes de Rodney, resulta em uma tremenda ausência de aprofundamento. No meio do caos, chegamos a nos perguntar "qual a importância deste programa, para a narrativa?".
Consequentemente não há nenhuma proximidade do espectador com os personagens, e o vilão sequer é assustador como deveria. Há apenas uma breve exceção em uma cena de dois minutos, onde ele e Sheryl se encaram em um estacionamento. Inclusive a própria Kendrick deve ter tido algum apoio nos bastidores para guiar a sequência, já que ela estava boa demais para ter sido feita pela própria.
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Mesmo com o material promocional perceptivelmente embarcando no recente sucesso de "Entrevista com o Demônio", não se trata de um filme cujo cenário é exclusivamente em um programa de televisão. Se a trama se resumisse apenas ao episódio televisivo ou desse a ele a um arco de cinco minutos, com narrativa focando apenas em Rodney, poderia funcionar melhor. Isso fica ainda mais explícito quando o epílogo começa a ser apresentado (inclusive havia material para uma trama de duas horas, ao invés de 90 minutos).
Perceptivelmente Kendrick queria aqui aumentar seu ego profissional e inserir mensagens atuais em pleno cenário dos anos 70. Para ser mais bizarra a situação, o linguajar inserido no roteiro de Ian McDonald não bate com a época, principalmente se tratando do mundo do entretenimento. Há inclusive, uma tentativa frustrada em tentar estabelecer o quão este universo era mais machista. Porém, fica apenas na promessa.
"A Garota da Vez" se mostra como um projeto para aumentar o ego de Anna Kendrick, ao invés de nos convidar para refletir sobre a história apresentada.
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