Engenharia do Cinema

‘O Dublê’ é uma carta de amor à categoria

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O cineasta David Leitch trabalhou durante um bom tempo como dublê para astros como Brad Pitt e Keanu Reeves. Depois de começar a assinar a direção de projetos como "Atômica", "Trem-Bala" e a produção de "John Wick", ele passou a ser visto com outros olhos (uma vez que vem entregando ótimas cenas de ação nestas produções). Então, nada mais justo que o próprio para dirigir a adaptação do seriado dos anos 80, "Duro na Queda", rotulado aqui no Brasil como "O Dublê".
 
Na trama, após sofrer um acidente nas gravações de um filme de ação, o dublê Colt Seavers (Ryan Gosling) vive na solidão e longe dos sets. Com o misterioso sumiço do astro Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson), para quem ele trabalhava constantemente,  Seavers é escalado para encontrá-lo, para assim terminar as gravações do longa de sua ex-namorada, que agora é diretora da produção, Jody Moreno (Emily Blunt). 
 
Em seu prólogo, Leitch faz um breve recorte com melhores cenas de ação realizadas por dublês, em títulos da própria Universal Pictures (como "Velozes e Furiosos", "Atômica" e "Jason Bourne"), com uma narração em off do próprio Gosling enfatizando o quão a classe é importante, mas desde sempre é "invisível" na indústria. Com esta sutil abordagem, já sentimos que se trata de uma carta de amor do cineasta, pela categoria onde trabalhou durante anos.
 
Embora estejamos falando de uma adaptação de um seriado oitentista, o diretor já havia deixado claro que o roteiro de Drew Pearce (que já trabalhou com ele em "Trem-Bala"), iria conter experiências pessoais dele nesta carreira e isso favoreceu ao estabelecer uma ligação direta do público com a trama (tanto que também é apresentado sutilmente o avanço da tecnologia neste setor).
 
Como Gosling é um ator bastante versátil (vale lembrar que ele já havia interpretado um dublê, no ótimo longa "Drive"), em poucos minutos compramos seu personagem não apenas por causa da sua veia cômica e semblantes para as cenas de ação (que também rende boas risadas, mas totalmente fora do padrão Ken), mas também sua divertida química com Emily Blunt (que está totalmente à vontade). 
 
Em contraponto, temos Aaron Taylor-Johnson e Hannah Waddingham (intérprete da assessora Gail Meyer), representando o ego e tudo que a indústria do cinema está diante e por trás das câmeras. Com direito a breves participações de Teresa Palmer (“Aprendiz de Feiticeiro”) e Winston Duke (“Pantera Negra”), pelos quais funcionam como alívio cômico, brevemente.
 
Ao colocá-los em sequências mais amplas, Leitch vai mais além dos saltos e carros explodindo, pois seguindo o padrão de seus outros projetos, ele é conhecido por não repetir a mesma técnica. Há cenas envolvendo tiros, lutas e até mesmo perseguição com caminhões de cata-treco, cujas técnicas são diferentes em suas execuções. Tudo isso, é claro, envolvendo a magia das técnicas de cinema.
 
"O Dublê" termina como uma divertida produção de ação, com toques de comédia, que vale o ingresso para ser conferido nas telonas

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