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'O Aprendiz' apela para o genérico para mostrar os estereótipos de Trump

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Em um período de eleição presidencial, Hollywood não poderia deixar de explanar seus pensamentos e torcida nas telonas. Em "O Aprendiz" temos mais uma obra que vilaniza a imagem do ex-presidente Donald Trump (interpretado aqui por Sebastian Stan), na época onde estava prestes a se tornar um dos mais importantes empresários estadunidenses, durante os anos 70 e 80. 

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Assim como na jornada do herói, a trama do diretor Ali Abassi coloca como seu mentor e responsável por seu comportamento rude o seu então advogado, Roy Cohn (Jeremy Strong). Neste período, Trump estava saindo de uma falência e estava prestes a colocar em prática o audacioso projeto da "Trump Tower", em Nova York.

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Sob uma excelente trilha sonora com músicas como "Blue Monday", "Fantasy Boy" e "Rock Your Baby", Abassi opta por dividir a narrativa em dois momentos. Em primeiro, vemos um Trump descobrindo o mundo e sendo mais "simples" em relação a sua família, pessoas próximas e fazendo de tudo para conquistar o amor de sua então primeira esposa Ivana (Maria Bakalova). Já no segundo, vemos sua desconstrução diante de todos, até se tornar a pessoa que demonstra ser atualmente.

Conhecido por entrar de cabeça em seus papéis, Stan está assustadoramente semelhante ao presidenciável. Sob uma breve maquiagem, ele mudou sua voz, jeitos nos lábios, olhares e andar. Em momento algum nos recordamos do galã da Marvel. Será uma questão de tempo, para ele conseguir algum papel que lhe dê seu primeiro Oscar.

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O mesmo pode-se dizer de Strong (que vem da aclamada série "Succession"), cuja personalidade muda muda da água para o vinho se ele percebe algo que poderá ameaçar o seu status e seus ideais. Ao mesmo tempo que ele nutre uma vida de ferras, sexo e drogas.

Em um cenário onde a Aids estava começando a se tornar um dos maiores medos do ser humano, a narrativa explora isso apenas no olhar de Trump. Faltou ver a doença por uma outra perspectiva, mas como estamos falando de um enredo feito para focar no lado malvado do ex-presidente, chega até ser válido.

Diferente da ótima minissérie "Trump: Um Sonho Americano" (que está disponível na Netflix), o filme deixa vários tópicos de fora e acrescenta alguns que até hoje são uma verdadeira incógnita (como o caso envolvendo um suposto estupro a Ivana, durante uma discussão na época em que eram casados). 

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Mesmo com o longa abrindo com os dizeres que algumas coisas são fictícias e foram alteradas, e o escopo apresentando os membros da alta sociedade como egoístas e loucos, a equipe do próprio Donald Trump chegou a tentar barrar o lançamento da produção nos cinemas estadunidenses. A justificativa era que o filme "poderia" prejudicar sua campanha nas eleições. 

No mesmo patamar de "Vice" e "W", "O Aprendiz" será esquecido com o tempo e só será recordado como uma curiosidade na filmografia de Stan, quando ele estiver prestes a ganhar seu primeiro Oscar.

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