Engenharia do Cinema
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O cineasta italiano Luca Guadagnino mostrou ao mundo como contar uma boa história pessoal, com o romance dramático "Me Chame Pelo Seu Nome" (que foi responsável por revelar o ator Timothée Chalamet), mas não conseguiu atrair tanta atenção com o esquecível "Até os Ossos" (também estrelado por Chalamet). Em "Rivais", existe a mesma pegada do primeiro, mas por conta do roteiro amador, acaba perdendo a acidez que era necessária e termina como mais uma novela mexicana.
A história gira em torno dos tenistas Art (Mike Faist) e Patrick (Josh O'Connor), que estão se enfrentando em uma partida decisiva. Ao mesmo tempo, vemos flashbacks de como a relação entre ambos (que um dia já foram melhores amigos), se abalou por conta do relacionamento amoroso com Tashi (Zendaya), há vários anos.
Guadagnino mostra-se como um ótimo diretor neste projeto, por conta das possibilidades que ele explora ao apresentar uma partida de tênis, não apenas de uma perspectiva diferente, mas de uma maneira onde ele consegue captar a atenção de qualquer espectador.
Colocando a câmera acompanhando em primeira pessoa, não apenas os olhares de Art e Patrick, mas também a visão das próprias raquetes, bolas, espectadores e da própria quadra. Mesclando com a trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross, as batidas e agitação da partida ficam totalmente explícitas ao público.
Porém, não estamos falando de um filme que gira em torno apenas do universo do tênis, mas sim sobre um triângulo amoroso. É neste tópico que o roteiro de Justin Kuritzkes (estreante na função), começa a pecar e fazer o trem descarrilar por completo.
Embora o marketing do filme venda apenas a imagem de Zendaya com Faist e O'Connor, na cama, o que temos é uma novela mexicana pior do que as exibidas em exaustão pelo SBT. Não existe aprofundamento em nenhum dos personagens, e constantemente os vários flashbacks tiram totalmente uma potencial ligação deles com o espectador.
Mesmo com uma ótima atuação de Faist e O'Connor (que convencem o seu laço de proximidade), sentimos a todo segundo que a própria Zendaya não estava à vontade no papel, inclusive ela não transparecia expressões plausíveis. Tudo parecia forçado, inclusive, quando era necessário mostrar uma carga mais dramática em uma determinada cena, ela não consegue fazer isso. Infelizmente, ela só funciona em "Euphoria".
Com uma metragem de quase 130 minutos, a sensação é que ele poderia ter resumido tudo em 90, e o restante foi apenas para colocar cenas dramáticas novelescas e alguns exageros do gênero (como o arco da ventania).
"Rivais" termina como um projeto esquecível de Guadagnino, pois a oportunidade de ser mais marcante, foi jogada no lixo.
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