Engenharia do Cinema
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"No Speak Evil" é considerado um dos mais perturbadores filmes de 2022, e talvez dos últimos anos. Por conta da recepção positiva, era óbvio que Hollywood faria a sua versão da história. Diferente dos últimos remakes de produções estrangeiras, que são meras cópias em todos os sentidos, a narrativa encabeçada por James Watkins ("A Mulher de Preto"), opta por mudar muitos tópicos que estavam no original e criar a sua própria atmosfera. O resultado não poderia ter sido outro.
Durante um passeio em família, Ben (Scoot McNairy) e Louise (Mackenzie Davis) acabam criando uma amizade com o casal Paddy (James McAvoy) e Ciara (Aisling Franciosi). Logo, eles o convidam para passar o fim de semana em sua casa em uma área rural, junto de seus filhos. Só que eles não imaginavam o caos que estava por vir.
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O roteiro de Watkins, Christian Tafdrup e Mads Tafdrup (estes dois últimos também responsáveis pelo longa dinamarquês) sabe que o espectador conhece a história. Por isso, eles optaram por aproveitar o mesmo escopo, mas agora com novas situações que levarão a trama para um outro caminho.
Embora exista uma inserção americanizada no perfil dos casais, pois os protagonistas possuem perfis Democratas e os antagonistas Republicanos, já sabemos que eles optaram por estes recursos simples para representar os mocinhos e vilões. Não prejudica, mas não há a sutileza do original (de ir moldando eles apenas pelas situações).
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De um lado, Mackenzie é a alma e força para o público gostar dos protagonistas e torcerem para eles conseguirem escapar do local. Enquanto no outro, McAvoy mais uma vez consegue entregar uma ótima personalidade de psicopata. Transitando da água para o vinho com facilidade, há horas onde apenas seu olhar já faz o espectador sentir o medo da sua presença.
Por conta deste jogo de gato e rato, os últimos 30 minutos de projeção se transformam em um suspense de primeira. Com o modo de "tudo pode acontecer", nos pegamos travados e dentro daquele contexto. Ele entrega exatamente o que esperamos de uma produção do gênero, sem beirar para a violência gratuita.
Esse último quesito tem uma presença de forma ainda mais regular que na versão de 2022, assim como as sequências de ação que são praticamente de lei, em adaptações estadunidenses.
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"Não Fale o Mal" é uma produção que funcionará como um irmão de seu original, mas sua abordagem pode dividir os fãs da obra dinamarquesa.
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