Engenharia do Cinema

'Mickey 17' é um Bong Joon Ho no automático

Produção é estrelada por Robert Pattinson

Warner Bros Pictures/Divulgação

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Depois de surpreender com suas vitórias no Oscar por "Parasita", muitos cinéfilos ficaram curiosos sobre o próximo filme de Bong Joon Ho. Adaptando o livro de Edward Ashton, "Mickey 17" estava pronto há quase um ano e foi adiado diversas vezes pela Warner Bros. Algo que não é bom sinal.

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Neste começo de 2025 ele finalmente viu a luz do dia, e pode-se dizer que é o mais fraco longa do sul-coreano. Os possíveis problemas podem ter sido vários, pois ele pode ter sofrido constantes interferências do estúdio para torná-lo mais comercial durante a pós-produção ou o próprio diretor não estava em seus melhores dias.

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A história gira em torno de Mickey Barnes (Robert Pattinson), que resolve trabalhar como um "descartável" em uma missão de colonização ao planeta Niflheim. Exposto às piores condições de risco, ao morrer diante dos mais inusitados cenários, ele é "reimpresso e renasce" constantemente. Após sobreviver em um destes episódios, ao retornar a sua nave ele se depara com uma versão "piorada" de si próprio.

Bong Joon Ho ficou conhecido por trazer debates delicados sobre minorias, sempre com um foco, mas das maneiras mais excêntricas como em "O Expresso do Amanhã" e "Okja". Já em "Mickey 17" ele começou a plantar várias sementes durante sua narrativa, mas esqueceu de cultivá-las.

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Mesmo que o escopo de Mickey lidar com uma versão totalmente oposta dele mesmo, funcione dentro da proposta, os desafios que ele enfrenta são bastante rasteiros e fracos. 
Um exemplo é a inserção do arco das criaturas do planeta Niflheim, que se assemelham a uma versão pobre de "Avatar".

Além de não sabermos quase nada delas, elas são inseridas gratuitamente na trama e trazem uma atmosfera de um blockbuster.

Já Pattinson realmente dá mais um show de atuação. Com um sotaque cansativo e feições totalmente distintas entre as versões 17 e 18, pode-se dizer que ele entrou de cabeça na trama e convence na caracterização.

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Ao mesmo tempo, Mark Ruffalo (Kenneth Marshall) e Toni Collette (Ylfa) tentam apresentar uma versão satírica de Trump e Melania Trump, mas acertam em Lula e Janja. Mesmo que a excentricidade deles case com a premissa do longa, a sensação é que eles estão apenas para cumprir contrato ou pelo cachê.

Outra que parece estar bastante perdida é Naomi Ackie ("Pisque Duas Vezes"), que está em cena mais para ser o interesse amoroso de Mickey, do que ter algum peso relevante para a trama. O arco envolvendo um relacionamento dela com as duas versões de Mickey, só perdeu para "Rivais", no quesito constrangimento.

Na parte técnica os efeitos visuais, design de produção e acústica, são uma cereja do bolo e vale conferir pelo dinamismo das cenas em Niflheim (que ficam excelentes em uma tela de cinema).

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"Mickey 17" é o longa mais fraco de Bong Joon Ho, e mostra que até os grandes vencedores do Oscar erram quando estão em péssimos dias.

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