Engenharia do Cinema
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Desde que estreou no Byond Fest, em maio deste ano, o suspense "Longlegs: Vínculo Mortal" se vendeu como um retorno triunfal de Nicolas Cage e o "melhor suspense em anos", igualado a clássicos como "Seven" e "O Silêncio dos Inocentes".
Parece que os responsáveis por esses julgamentos, nunca se deram ao trabalho de conferir as outras produções do sobrinho de Francis Ford Coppola ou pararam para pensar que os títulos citados não possuem nada em comum com o filme de Osgood Perkins ("Maria e João": O Conto das Bruxas"). Temos aqui mais uma trama habitual de suspense e nada mais além.
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A história se passa em meados dos anos 90, onde o misterioso serial-killer Longlegs (Nicolas Cage) comete uma série de assassinatos brutais e sempre deixa como provas uma série de enigmas. Neste cenário, a agente do FBI Lee Harker (Maika Monroe) começa uma caçada acirrada pelo próprio e nota que tudo é mais íntimo do que ela imagina.
Responsável também pelo roteiro da produção, Perkins desenvolve uma atmosfera própria em sua narrativa. Colocando o público na visão de Lee, mergulhamos no jogo do próprio Longlegs para tentar entender seus próximos passos e os seus significados. O mérito também é da interpretação de Maika, pois ela possui naturalidade ao transparecer as sensações de medo, dúvida e incertezas.
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Com uma ausência constante de trilha sonora, atrelada a gritos repentinos e uma fotografia assinada por Andres Arochi, cuja tonalidade acinzentada com amarelo, faz esses recursos remeterem as sensações depressivas da protagonista. Só que a violência e a tensão apresentadas, não chegam a ser tão incômodas como parecem (não justificando a censura 18 anos).
Embora esteja irreconhecível pela forte maquiagem, quem já assistiu a qualquer filme estrelado por Nicolas Cage, sabe que este é o típico personagem que ele costuma interpretar. Por essa razão, temos mais um caractere que casou bem com o seu perfil, mas não é inovador como vimos em "Pig", por exemplo.
Neste cenário de tensão, Perkins se prejudica ao passar a interromper a história constantemente, apenas para explicar ao público tudo que Lee acabou de descobrir. Além de tirar o suspense e deduzir que o espectador não iria entender o óbvio, a sutileza que estava funcionando é jogada fora por completo. Isso sem citar que há várias facilitações narrativas para a protagonista (inclusive, vou me abster de citar quais são).
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"Longlegs: Vínculo Mortal" é um interessante suspense, mas que poderia ter tido uma melhor confiança do próprio Osgood Perkins, em relação ao seu material.
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