Engenharia do Cinema

'Contra o Mundo' é uma vingança que mistura anime e cartoons

Continua depois da publicidade

Em um cenário com tramas repetitivas, as execuções diferenciadas vêm chamando atenção do público. "Contra o Mundo" é mais um filme sobre vingança, mas a narrativa do diretor Moritz Mohr (estreante em longas metragens) se encaixa no quesito citado. Com uma mescla de video game, animes e desenhos animados, temos uma das produções mais divertidas deste primeiro semestre de 2024.
 
Baseado em um curta-metragem de autoria do próprio Mohr com Arend Remmers, a história gira em torno de Boy (Bill Skarsgård) que é surdo e mudo, e na sua adolescência presenciou o assassinato de sua mãe e irmã pela ditadora Hilda Van Der Koy (Famke Janssen). Resgatado por um xamã (Yayan Ruhian), ele é treinado para buscar vingança.
 
Com muita violência gráfica (algumas chegam a ser engraçadas, inclusive) e sequências que prendem a nossa atenção desde o princípio, a jornada de Boy é vista como se fosse uma mistura de "Kill Bill", "Mortal Kombat" e uma animação do "Looney Tunes". Uma alegoria que quase sempre funciona, se for bem abordado (vide "Scott Pilgrim" e "Mandando Bala").
 
Por conta de ser uma produção do cineasta Sam Raimi (criador da franquia "Evil Dead"), é perceptível que ele estava envolvido na construção de algumas cenas de mortes e batalhas, pois existe uma originalidade e diferença entre elas. Principalmente nos arcos que englobam várias simultaneamente. 
 
Isso se soma a sua própria narração em off, que explica seus sentimentos, ações e como ele foi parar em determinadas situações. Acompanhado de sua irmã Mina (Quinn Copeland), que aparece homeopaticamente para representar seu lado "puro". Tudo funciona como uma cereja no bolo.
 
Beirando a uma espécie de Pernalonga Samurai, Skarsgård convence desde o princípio na pele do protagonista, pois além da nítida mudança física para convencer como um lutador experiente, mesmo em sua versão adolescente (onde é interpretado pelos irmãos gêmeos Cameron e Nicholas Crovetti).
 
Em paralelo, o roteiro de Tyler Burton Smith e Arend Remmers, procura explorar brevemente seus coadjuvantes, para honrar a participação de nomes conhecidos e que tem potencial como da própria Janssen, Jessica Rothe (June27), Michelle Dockery (Melanie Van Der Koy), Brett Gelman (Gideon Van Der Koy) e Sharlto Copley (Glen Van Der Koy). Desperdício é uma palavra que não pode ser aplicada aqui.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Embora a grande maioria destes personagens mencionados se apliquem a perfis clichês do gênero, que vão da ditadora, o capanga maléfico, a lutadora misteriosa e o mestre oriental, o encaixe deles na jornada de Boy e como eles se encontram, que causa a graça na narrativa.
 
"Contra o Mundo" é um sinal que os grandes cineastas, ainda estão idealizando divertidas e desconhecidas produções, em uma era de várias repetições de fórmulas

Continua depois da publicidade

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software