Engenharia do Cinema
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James Gunn é um cineasta que sempre surpreende o público. Ao anunciar que seu primeiro projeto para a DC seria a adaptação de "Comando das Criaturas", muitos torceram o nariz. Vindo do cinema trash, ele já confirmou que sabe trabalhar com personagens excêntricos como os vistos na saga de "Os Guardiões da Galáxia".
Assinando o roteiro dos sete episódios desta série animada, ele se preocupa não apenas em abrir o terreno para as próximas produções da DC, como não deixar que sua trama central se arraste por mais filmes e séries sem necessidade (algo que a antiga gestão do estúdio errou feio).
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Baseado nos personagens criados por JM DeMatteis e Pat Broderick, a história é paralela aos arcos de "O Esquadrão Suicida", com um grupo de criaturas monstruosas consideradas perigosas e que são colocadas para realizarem missões suicidas para Amanda Waller.
Liderados por Rick Flag Sr., a equipe composta pelo Dr. Fósforo, Frankenstein e sua Noiva, Doninha, Robô Recruta e Nina, deve unir forças para proteger a princesa Ilana.
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Gunn sabe que para uma história deste porte funcionar, primeiro devemos criar apreço por todos os personagens centrais. Ao apresentar a dinâmica dos episódios e o estilo escrachado que eles terão a partir do piloto, ele foca em mostrar a trajetória de todos os protagonistas, à medida que a atração avança.
O arco envolvendo o personagem Doninha não apenas consegue ser o mais emocionante, como é nítido que Gunn conseguiu humanizar um personagem que não possui falas e emite apenas grunhidos.
Embora em "O Esquadrão Suicida" ele tenha aparecido pouco, e sua história tenha sido apenas mencionada, acompanhar ela da forma que realmente aconteceu, pode até emocionar o espectador mais casca grossa.
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O mesmo pode-se dizer de Nina, que mesmo possuindo um escopo bem clichê de qualquer título de fantasia do Guilhermo Del Toro.
Por mais que exista a citação de heróis de peso como Batman, a não inserção deles foi algo sábio, pois tiraria totalmente o foco das criaturas (que são os verdadeiros destaques).
Além de humanizá-los, ele mostra que realmente nem todos são o que parecem. Consequentemente, criamos um apreço para vermos os seus arcos nas próximas produções da DC.
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Mesmo com um visual que remete às animações anteriores do estúdio, como "Harley Quinn", a violência não chega a ser tão onipresente como nesta. Em compensação, há um humor negro de primeira e eles surgem de forma natural.
Um exemplo é a Frankenstein vivendo uma grande crise amorosa com a Noiva, e que rende as melhores piadas da produção, principalmente por sua interação com Rick Flag Sr. (que nasceu de forma inusitada).
Outra marca registrada de Gunn, são as músicas que ele escolhe para suas narrativas. Aqui, de forma irônica, a abertura remete ao tema dos dois filmes de "Borat", que justamente o segundo revelou a atriz Maria Bakalova (que dubla a princesa Ilana).
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"Comando das Criaturas" termina sua primeira temporada como um sinal de que Gunn sabe exatamente o tipo de abordagem que terá em suas histórias, e que talvez, consiga consertar os erros da antiga gestão.
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