Engenharia do Cinema
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Desde que foi anunciado pela Warner Bros, "Barbie" foi um dos mais aguardados filmes depois do cenário de pandemia. Lançado de forma inusitada nos cinemas (no mesmo dia de "Oppenheimer", outro título muito esperado), e com uma ótima campanha de marketing, a produção fez um enorme sucesso, batendo mais de US$ 1,4 bilhão em arrecadação mundial.
Com direção de Greta Gerwig, que também escreveu o roteiro com seu marido Noah Baumbach ("História de Um Casamento"), temos uma narrativa inspirada em títulos como "Uma Aventura Lego" e "O Show de Truman", misturada com frases de efeito das redes sociais. Mas o grande fator para este filme funcionar, foi o forte debate em relação ao feminismo x machismo.
Após descobrir que está começando a ter problemas nos seus pés e em sua rotina na Barbieland, Barbie (Margot Robbie) é convencida que terá de ir ao mundo real para tentar solucionar isso. Em sua jornada, ela acaba tendo a inusitada companhia de Ken (Ryan Gosling), que assim como ela, começa a perceber que a realidade não é como eles pensavam.
Em seus primeiros minutos, já fica nítido que Gerwig não quer que levemos a sério absolutamente nada do que está sendo mostrado (uma vez que, de forma criativa, ela adapta a rotina banal de uma boneca). Tanto que a própria ainda consegue criar alguns arcos musicais realmente convincentes. Algo que neste tipo de produção era necessário, mas nitidamente foi bastante trabalhoso colocar em prática.
Regado a um cenário visual bastante alegórico e diferente (tanto que o design de produção está muito bem executado e tudo se assemelha com brinquedos gigantes), percebemos que o próprio elenco acabou comprando o clima de brincadeira do enredo.
Com uma química excelente, Gosling (em merecida indicação ao Oscar, pois ele conseguiu facilmente roubar a cena) e Robbie facilmente conseguem ser um casal "hollywoodiano" que muitos sempre gostariam de ver, mas não imaginariam a forma inusitada que isso seria. Com uma beleza e aparência que remete aos próprios Ken e Barbie, o teor satírico de ambos em momentos chave, são a verdadeira graça da atração (como na primeira cena de ambos, na praia).
Como a lista de nomes é gigante, é justo focar que nomes como Michael Cera (Allan), Kate McKinnon (Barbie Riscada), Rhea Perlman (a misteriosa senhora Ruth) e Helen Mirren (que mesmo sendo narradora, tem ótimas tiradas), roubam a cena em algumas tiradas breves. Enquanto America Ferrera (que foi indicada ao Oscar como atriz coadjuvante, mas não era para tal reconhecimento), carrega o lado dramático da história.
Em contradição, o roteiro acaba pecando na retratação de alguns personagens como o próprio Presidente da Mattel (vivido por um Will Farrel, bem desperdiçado e forçado), onde se adaptarem mais projetos da marca para o cinema, será o "Nick Fury" do próprio.
O mesmo pode se dizer sobre o arco clichê entre a secretaria da Mattel, Gloria (America Ferrera, que foi indicada ao Oscar como atriz coadjuvante, mas não era para tal reconhecimento) e sua filha anti-social Sasha (Ariana Greenblatt), uma vez que essa não é só deixada de escanteio, como muda sua persona "repentinamente".
"Barbie" termina sendo uma divertida produção de forte teor satírico, onde para compreendermos melhor seu significado, devemos ir mais além do que é mostrado.
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