Engenharia do Cinema

'Clube dos Vândalos' é um show particular de Jodie Comer

Após a Disney literalmente desistir de lançar "Clube dos Vândalos" nos cinemas (por intermédio da 20th Century Studios), depois de sua passagem por vários festivais de cinema em 2023, os direitos foram adquiridos pela Focus Features/Universal Pictures e chega somente agora às telonas.

Os motivos reais dessa decisão não foram divulgados, mas após conferir a produção uma coisa ficou nítida: eles não estavam interessados em lançar um ótimo drama aos moldes de Martin Scorsese.

Inspirado em um livro de fotografias concebido por Danny Lyon, que contava a história de uma gangue de motoqueiros que residiam nos EUA, entre os anos 1965 e 1975, a trama mostra toda a trajetória do grupo na perspectiva de Kathy (Jodie Comer), então esposa de Benny (Austin Butler), um dos líderes da própria. 

O roteiro e direção de Jeff Nichols deixa praticamente explícito que é um grande fã do cineasta citado, pois o escopo de sua produção é baseado justamente em "Os Bons Companheiros". Mesmo sem existir personagens como Tommy DeVito (Joe Pesci) roubando a cena, ele planta algumas sementes que recordam o próprio. Como é o caso do personagem de Norman Reedus, que aparece apenas com este intuito. 

Porém, não estamos falando sobre a história de Henry Hill e sim de Benny com sua gangue de motoqueiros. Sendo presididos por Johnny (Tom Hardy), Nichols usufrui da sutileza para enfatizar que ele era um homem de boas atitudes, dentro de um cenário que tende a ser caótico, ao abordar que a ideia do clube veio após ele assistir ao clássico "O Selvagem" com Marlon Brando (tanto que a própria narrativa aqui é uma homenagem a este), na televisão.

A forma como Nichols retrata a violência neste universo não chega a ser cartunesca, mas sim no estilo chocante, pois à medida que o perfil gangster começou a crescer dentro do grupo, seus rivais começaram a causar conflitos mais radicais e lutas de corpo a corpo.

Além disso, vemos a sutileza do diretor ao estabelecer três protagonistas na trama, onde um sempre depende do outro, independentemente do contexto. Apesar dos coadjuvantes da gangue dos motoqueiros serem tão bem trabalhados, eles transmitem a sensação de que o próprio grupo é tão importante quanto os citados. Em outras palavras, ele transmite a mensagem que Johnny queria para o grupo.

Só que isso tudo é repassado ao espectador na perspectiva da própria Kathy, cuja atuação de Jodie Comer só a finca como uma das grandes atrizes do cinema (embora não seja reconhecida como deveria). Com um sotaque texano carregado, apenas pelo olhar ela transparece os sentimentos da sua personagem, diante dos cenários mais absurdos causados quase sempre por seu marido.

É neste momento que mais uma vez Austin Butler deixa claro o motivo de ser um dos grandes nomes atuais do cinema. Com poucos diálogos ele usufrui do mesmo recurso de sua cônjuge para conceber sua atuação. Gostamos dele, apenas por sua presença em cena.

"Clube dos Vândalos" termina como uma interessante obra que homenageia o melhor de Scorsese e Brando

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