Engenharia do Cinema
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Com a vitória do prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza 2024, indo para Nicole Kidman por seu trabalho em "Babygirl", muito se falava se poderíamos estar diante de uma sua segunda atuação, que a entregaria outra estatueta do Oscar.
Porém, essa produção não nasceu para esta função, mas sim satisfazer os desejos mais carentes dos fãs de franquias como "Cinquenta Tons de Cinza" e "365 Dias".
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Isso se comprova desde sua idealização, pois ela foi inspirada em uma experiência íntima da própria cineasta Halina Reijn ("Morte, Morte, Morte"). Na ocasião, ela alega ter sido "desafiada" por um ator escocês, a tomar um copo de leite com "outros intuitos".
Com sua vida sexual não indo bem com seu marido Jacob (Antonio Banderas), a poderosa empresária Romy (Kidman) passa a se sentir atraída pelo misterioso Samuel (Harris Dickinson), seu novo estagiário. Aos poucos, uma relação de BDSM começa a nascer entre ambos.
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O roteiro de Reijn se embaseia em um único propósito: transparecer um conto erótico para mulheres acima dos 40 anos, que possuem desejos inusitados entre quatro paredes. Para transpor uma conexão maior com as espectadoras, ela escolheu um grande sex-symbol do passado (Banderas), para ser o gaiato da história e sinalizar de que "a página virou para".
Embora Kidman ainda insista em interpretar não apenas mulheres fortes, mas da alta sociedade, Romy é um resgate total de Alice Harford (sua personagem em "De Olhos Bem Fechados") e um simbolismo de que ela ainda pode estrelar produções deste teor.
Mesmo com as cenas entre ela e Dickinson não beirando ao erotismo como na obra de Kubrick (cujas referências são nítidas), faltou química entre ambos, pois não é o tipo de personagem que bate com ele (ao contrário de "1917").
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Também não existe um aprofundamento para que conseguíssemos gostar dela, muito menos as pessoas ao seu redor. Como por exemplo, sua filha Isabel (Esther McGregor), que vive uma crise no seu namoro com Mary (Gabrielle Policano).
É só transparecer que ela possui uma mentalidade similar a sua mãe, em alguns tópicos, onde é deixado de forma rasteira. A sensação é de que os produtores alegaram "olha vamos sinalizar virtude com estas personagens". Só que não havia um tratamento para isso funcionar
"Babygirl" é apenas uma obra feita para satisfazer desejos íntimos dos fãs carentes de Christian Grey, além de um sinal da própria Kidman ainda poder estampar este tipo de produção.
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