Engenharia do Cinema
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Após entregarem os ótimos "Casamento Sangrento" e os dois últimos títulos da cinessérie "Pânico", ao nos depararmos com os nomes dos diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett envolvidos com alguma produção, a atenção deve ser redobrada. Mirando na mescla entre terror e comédia, a dupla sabe chocar e fazer rir, com facilidade. Em "Abigail", isso não é diferente.
Na trama, um grupo misterioso de ladrões é contratado para sequestrar a garota Abigail (Alisha Weir). Mas para poderem ser pagos, deverão passar algumas horas com ela em uma mansão. Só que eles não imaginam que ela é uma vampira sedenta por sangue.
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A direção de Olpin e Gillett opta por não deixar uma atmosfera Dark dominar o enredo, e a mesclam em uma certeira soma de teor cômico. Logo, o excesso de violência (com direito a muito sangue) vira algo cartunesco e menos incômodo ao espectador. O recurso inclusive já havia funcionado no ótimo "Casamento Sangrento" (que curiosamente se passa no mesmo universo deste longa, e já foi confirmado pelos próprios diretores).
Sem apelar para os clichês dos filmes de vampiros, e conquistar a atenção do espectador, o roteiro da dupla Stephen Shields e Guy Busick não coloca apenas personagens genéricos deste tipo de produção, mas sim idealiza os atores certos para interpretá-los em cena. O que faz com que nos importamos com os próprios, até certo ponto.
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Temos a protagonista (Melissa Barrera) com alguém importante fora do local; a hacker patricinha (Kathryn Newton); o capanga atrapalhado (Kevin Durand); o hippie (Angus Cloud, que faleceu durante o intervalo de gravações, na época da greve dos atores); o líder com ego grande (Dan Stevens) e o metido a investigador (William Catlett). Ainda há espaço para uma breve aparição de Giancarlo Esposito ("Breaking Bad"), cujas intenções verdadeiras permanecem um mistério durante boa parte da produção.
Ao contrário dos filmes da franquia "Pânico", que só sabíamos quem era o assassino no final, a dupla sabe conceber uma antagonista como Abigail, em duas camadas.
Em um primeiro momento temos uma garota indefesa, dócil e dançando ballet, enquanto no outro, ela vira uma vampira sanguinária e comete as mais brutais mortes. Inclusive estas, são bastante criativas e exploram algumas oportunidades que poderiam ser executadas dentro deste cenário (já que 80% da produção se passa em um mesmo local).
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O mérito disso também está na atuação de Alisha Weir (que é uma das únicas coisas boas no reboot de "Matilda", da Netflix), pela qual entrou de cabeça no papel e convence totalmente.
"Abigail" é mais um acerto de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, que cada vez mais se mostram como cineastas que sabem fazer um bom terror, com toques cartunescos.
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