Engenharia do Cinema

'A Viúva Clicquot' tenta apelar para o lado novela, para conquistar o espectador

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Existem cinebiografias feitas pelos EUA que não se passam na terra do Tio Sam e por conta de facilitações comerciais, são faladas e estreladas por atores dessa nacionalidade. Em "A Viúva Clicquot", temos a história da francesa Barbe Nicole, conhecida como a "Grande Dama de Champagne", interpretada pela estadunidense Haley Bennett ("Letra e Música"). A situação pode ser incômoda, mas o diretor Thomas Napper perceptivelmente queria apenas entregar um telefilme simples para os amantes de vinho.

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Inspirado no livro de Tilar J. Mazzeo, a história se passa em pleno século 18, após Barbe perder seu marido François (Tom Sturridge). Como a construção de seu império de Champagne estava no começo, ela decide assumir o negócio, mesmo indo contra as tradições da época.

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O roteiro de Erin Dignam, procura focar mais na vida pessoal de Barbe e seus problemas no passado com François, ao invés de apresentar os problemas dela para começar a executar seu negócio. Em um cenário com a política de Napoleão Bonaparte dominando a França e a Europa, não é sentido a tensão que o próprio transparece para alguém como ela, ter um negócio próprio. 

Tudo é resumido em linhas de diálogos e discursos de Barbe para a câmera, cujo intuito é que as falas viralizem em uma possível conta de empoderamento feminino nas redes sociais. A sensação é que os posicionamentos mostrados não condizem com a época apresentada.

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O trabalho do diretor Thomas Napper, também não é dos melhores, pois ele usa e abusa do famoso tecladinho de churrascaria para falar que a protagonista está triste, depressiva e chorando. Isso sem citar os constantes cortes e enquadramentos no rosto de Bennett aos prantos e lágrimas. Um recurso bastante pobre e amador, onde só faltou colocar uma seta para o público entender o que ela estava passando.

Mesmo que ela seja uma atriz que se encaixa neste tipo de produção, a sensação é que o material em mãos não favorecia uma execução melhor. O mesmo pode-se dizer de Sturridge, que possui química com ela e transparece bem os problemas psicológicos de François.

"A Viúva Clicquot" é mais uma cinebiografia cujo potencial é desperdiçado pelo péssimo trabalho atrás das câmeras. 

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