Engenharia do Cinema
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Vencedor do prêmio de melhor roteiro original no Festival de Cannes 2024, o suspense "A Substância" foi marcado pelo retorno de Demi Moore ("Até o Limite da Honra") as produções de qualidade e alavancou ainda mais a cineasta Coralie Fargeat ("Vingança"). Assim como no reboot de "Doce Vingança", a francesa optou pelo chocante para prender a atenção do espectador.
Após perceber que será substituída em seu programa de televisão por ser "velha demais", Elisabeth Sparkle (Moore) resolve abraçar um misterioso processo chamado "A Substância". O intuito deste é fazer com que ela consiga colocar em prática uma versão "melhor" de si mesma (Margaret Qualley).
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Coralie sabe que em tempos de polêmicas com temáticas de relacionamento abusivo, egocentrismo, futilidades e o famoso "topa tudo por dinheiro", esses assuntos ainda podem ser explorados perfeitamente em seu enredo. Por isso, ela procura não apelar pelo óbvio, mas sim para estabelecer uma conexão do espectador com Moore e Qualley.
Com uma grande semelhança física entre as protagonistas, assim como seus desejos de tentarem de tudo pelo poder, percebemos que há uma tonalidade em suas atuações que se assemelham a uma verdadeira balança. De um lado Moore possui uma feição cansada, mas com equilíbrio e a calmaria, enquanto Qualley é totalmente o oposto.
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Assim como as aplicações excessivas das cores amarelo, vermelho, azul e branco, cujo intuito é transpor os sentimentos de ambas. Isso sem mencionar os constantes enquadramentos em diversas partes do corpo delas, para simbolizar a vaidade do contexto. É nesse cenário que se encontra o terror psicológico, ao invés de slashers como "Sexta-Feira 13".
Embora já deduzimos o escopo em sua premissa, a narrativa opta por execuções diferentes. Um exemplo é o executivo televisivo Harvey (Dennis Quaid), que mesmo se tratando de uma referência ao próprio Harvey Weinstein, funciona como uma peça dentro de um tabuleiro de xadrez. Por isso, o buraco acaba sendo mais profundo.
Diante deste cenário, Coralie sabe que poderá acrescentar um estilo do cinema trash dos anos 70 e 80 (referenciando trabalhos de cineastas como Sam Raimi, David Cronenberg, Lloyd Kaufman e Chuck Russell), sem perder a sua marca que é a inserção de cenas com bastante sangue e mutilações, pelas quais causam um grande desconforto no espectador (o que justificou a censura 18 anos). Inclusive, já alerto que os mais sensíveis devem evitar conferir esta produção.
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"A Substância" é sem dúvidas um dos mais divertidos trashs dos últimos anos, que ainda foi responsável por trazer de volta aos holofotes a atriz Demi Moore
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