Daniel Day-Lewis e Vicky Krieps em cena de "Trama Fantasma" / Divulgação
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O estilista Reynolds Woodcock foi feito sob medida para Daniel Day-Lewis. Paul Thomas Anderson, autor, diretor e roteirista de “Trama Fantasma”, vestiu o ator com uma personagem tão primorosa quanto irritante. Day-Lewis empresta a Reynolds todo o seu charme, elegância e dramaticidade, que costurados à excentricidade da personagem fazem dela sedutora e ao mesmo tempo cansativa. Anderson nos apresenta uma história sobre relações tóxicas, de forma romântica e trágica como nos bons livros, mas aparentemente leve como uma seda, embalada por uma trilha sonora magnífica, assinada por Jonny Greenwood. Quando a trama se abriu na imensa tela da sala 4 do Cine Roxy, no Pátio Iporanga, os fantasmas dos grandes atores da década de 1950 certamente aplaudiram, pois o novíssimo longa-metragem é “cortado” nos moldes desses tempos clássicos do cinema e tem seis indicações ao Oscar. A pré-estreia ocorreu na terça-feira (20) à noite. O filme estreia hoje.
Mas não é Reynolds quem nos conduz pela trama sombria alinhavada pelo amor e pela obsessão, é Alma Elson (Vicky Krieps), uma bela jovem, que narra a complexa relação obsessiva, de dependência e carência entre três personagens que vivem no limiar entre a autodestruição e o contentamento breve. Contentamento este que pinga em parcas doses e que nos faz perguntar, no desenrolar do filme: quando será a gota d’água?
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Alma torna-se o objeto da obsessão de Reynolds e vice-versa. Alma é o oposto de Reynolds, mas seu corpo tem as medidas perfeitas para seus vestidos, o que leva este sujeito sistemático e intragável ao fascínio e à paixão por ela, ao mesmo tempo em que a repele. Em meio à relação doentia de ambos está a irmã de Reynolds, Cyril (Lesley Manville), de quem ele tem profunda dependência. Está costurada a trama de uma vida em comum infernal travestida de aparente normalidade, sob o sucesso de um ateliê de belos vestidos. Ali, os fantasmas sombrios da personalidade de cada um e a ira ficam reprimidos numa relação a três bordada num jogo de disputa pessoal.
E você, qual é a sua trama fantasma?
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Seis indicações ao Oscar
Com seis indicações ao Oscar, “Trama Fantasma” é tecnicamente perfeito, com uma narrativa irretocável. O filme concorre nas categorias de melhor filme, melhor diretor (Paul Thomas Anderson), melhor ator (Daniel Day-Lewis), melhor atriz coadjuvante (Lesley Manville), melhor figurino e melhor trilha sonora (Jonny Greenwood).
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O gran finale de Day-Lewis
Reynolds é o gran finale da carreira de Day-Lewis, que anunciou sua aposentadoria recentemente. Caso leve o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, no próximo dia 4 de março, será a sua quarta estatueta, selando o seu tempo na dramaturgia com um desfecho apoteótico para uma carreira gloriosa.
O seu primeiro Oscar veio em 1990, com “Meu Pé Esquerdo”, o segundo, em 2008, com “Sangue Negro”, e o terceiro, em 2013, com “Lincoln”.
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