DAS MÃOS DE LULA
O cantor e compositor ainda não havia recebido o prêmio devido à oposição do então presidente Jair Bolsonaro (PL) em assinar o diploma
Chico Buarque recebeu o prêmio Camões em cerimônia com Lula e primeiro-ministro de Portugal / Reuters/Folhapress
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Quatro anos após ter sido anunciado vencedor, Chico Buarque recebeu o prêmio Camões, maior láurea da literatura em língua portuguesa, das mãos do presidente Luiz Inácio Inácio Lula da Silva (PT).
A cerimônia, que contou com também com a presença do primeiro-ministro luso, António Costa, e de personalidades da cultura e da política lusófonas, aconteceu na tarde desta segunda-feira (24) no Palácio de Queluz, em Portugal.
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Escolhido por unanimidade do júri em outubro de 2019, o cantor e compositor ainda não havia recebido o prêmio devido à oposição do então presidente Jair Bolsonaro (PL) em assinar o diploma oficial da láurea, oferecida em conjunto pelos governos de Portugal e do Brasil.
Após a vitória do cantor, Bolsonaro disse que "até 31 de dezembro de 2026," assinaria o diploma", fazendo alusão à ideia de que seria reeleito.
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Chico Buarque rebateu então que se sentia "duplamente premiado" por não ter a assinatura de Bolsonaro no documento.
Pouco depois de ser eleito presidente, em viagem a Portugal em novembro, Lula anunciou a intenção de retornar ao país para entregar o diploma ao cantor.
A ausência de cerimônia de premiação, no entanto, não impediu o pagamento dos 100 mil euros (cerca de R$ 540 mil) concedidos ao vencedor, que Chico já recebeu.
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O imbróglio com o diploma de Chico Buarque, no entanto, provocou uma espécie de fila de espera entre os laureados dos anos subsequentes, que também ainda não tiveram direito às solenidades para receber o prêmio.
Oficializado em 1988, o prêmio Camões foi idealizado para destacar autores em língua portuguesa. Tradicionalmente, há uma alternância entre a origem dos vencedores a cada ano, contemplando brasileiros, portugueses e cidadãos da África lusófona.
Vencedor da láurea em 2013, o escritor moçambicano Mia Couto acompanhou a entrega do prêmio na segunda fila da plateia e comemorou a ausência de Jair Bolsonaro no encontro.
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"Felizmente que ele [Bolsonaro] se recusou a assinar, porque agora temos uma festa em dobro. E esse é um prêmio que é para todos nós. É um prêmio da língua portuguesa", afirmou.
Mia Couto fez questão de exaltar a obra do brasileiro. "Quando eu comecei a ouvir as canções do Chico, eu percebi que havia uma dimensão da nossa língua, que ela cantava e que guardava a poesia. Como a poesia, que é profundamente lírica, profundamente íntima, podia se manifestar e se podia revelar na canção", afirmou.
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