A nova rodovia prometia resolver definitivamente os problemas de tráfego entre São Paulo e o litoral / Arquivo/Agência Brasil
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Ao ler a reportagem publicada na última quarta-feira (21), sobre o valor pago pelos paulistanos por quilômetro rodado no percurso entre a Capital paulista e Santos (R$ 0,43), que supera, e muito, o pago para viagens as capitais dos Estados do Sudeste (ver nessa reportagem), o arquiteto urbanista e professor José Marques Carriço refez a relação custo-benefício da Nova Imigrantes.
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Ele relembrou que a obra retirou R$ 300 milhões dos cofres públicos, foi considerada um dos carros-chefes do programa de concessão de estradas do Estado de São Paulo, mas trouxe pouco benefício ao maior Porto da América Latina, pois a rampa não permite a descida de veículos pesados na rodovia por questões de segurança.
"A segunda pista, que acaba de completar 20 anos, foi bem pavimentada, mas ônibus e caminhões continuam usando uma rodovia (Anchieta), construída entre as décadas de 40 e 50, para descer a serra. O maior porto do País acessado por uma pista inaugurada em 1953 (70 anos)", lamenta.
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A nova rodovia prometia resolver definitivamente os problemas de tráfego entre São Paulo e o litoral, abrindo novas perspectivas para o desenvolvimento da Baixada Santista.
PESQUISA.
Não foi muito difícil para o Diário encontrar publicações sobre o problema lembrado por Carriço. O portal Pé na Estrada, por exemplo, confirmou e publicou, em setembro de 2015, que a Ecovias - concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), fez um estudo com o Departamento de Engenharia e Aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP) São Carlos.
Entre 2004 e 2005 foram realizados 76 testes de descida com veículos de diferentes pesos - de quatro a 74 toneladas - e com a participação de mais de 50 especialistas, entre acadêmicos, policiais e profissionais de montadoras e empresas fabricantes de sistema de freios.
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Nele, descobriu-se que o movimento gerado por esses veículos em declividade acentuada não pode ser controlado apenas pelo motor, tornando necessária a utilização excessiva do freio de serviço - o que pode provocar sobreaquecimento e perda total do freio.
Em 2012, a Ecovias solicitou uma revisão dos estudos. Mais uma vez, a conclusão técnica apontou que os veículos comerciais não tinham condições de atender aos requisitos de segurança em rampas com 6% de declividade.
A Rodovia dos Imigrantes apresenta três características que são levadas em conta para proibir a descida dos pesados: o trecho de 11 quilômetros de descida com declividade média de 6%, o que significa que a cada 100 metros percorridos, o motorista desce seis; a geometria reta, que favorece aceleração involuntária do veículo e exige a utilização do freio de serviço, aumentando o risco de superaquecimento e consequente perda do freio. E, por fim, longos túneis cobrem 70% do trecho, criando um ambiente confinado que merece atenção especial.
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COMPARAÇÕES.
Conforme reportagem da última quarta-feira, com o novo reajuste de cerca de 12% dos pedágios das rodovias concedidas no Sistema Anchieta-Imigrantes, perfazendo R$ 33,80. O percurso entre a "terra da garoa" e Santos, por exemplo, atinge 77 quilômetros. Antes do aumento, a tarifa custava R$ 30,20 e o paulistano pagava 0,39.
Em comparação a ida para as capitais dos estados do Sudeste, se o paulistano resolver visitar Belo Horizonte (MG), vai percorrer 586 quilômetros pela Rodovia Fernão Dias (BR-381) e vai pagar R$ 0,03 centavos por quilômetro rodado.
Para o Rio de Janeiro, são 433 quilômetros pela Rodovia Presidente Dutra (BR 116), pagando 0,11 centavos por quilômetro e, para Vitória, no Espírito Santo, são 938 quilômetros de distância, perfazendo 0,10 centavos por quilômetro, percorrendo as rodovias BR 101 RJ e Presidente Dutra (BR 116). Para calcular os valores e distâncias, foi usado como referência o site http://www.emsampa.com.br/wwrota1466.htm
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A Imigrantes, comparada às rodovias federais, é bem mais conservada. No entanto, por não receber veículos pesados, que geralmente prejudicam a pavimentação, gerando buracos e outros problemas, ela exige bem menos manutenção.
AUMENTO.
O novo reajuste das tarifas dos pedágios foi autorizado pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) e a decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado. Ele se baseou no Índice Geral de Preços - Mercado, o IGP-M) e Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA.
Ele estava previsto para ocorrer em julho deste ano, mas foi adiado pelo então governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), logicamente por conta das eleições. No entanto, segundo a Artesp, o adiamento ocorreu por causa da "sensível conjuntura econômica existente na ocasião, com alta inflação e alta desenfreada dos preços, em especial de combustíveis, que causaram efeito cascata no bolso do consumidor". Rodrigo Garcia disputou a reeleição para governador paulista e foi derrotado.
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Em média, 30 milhões de veículos circulam por ano no SAI. Ou seja, a Ecovias arrecada mais de um bilhão a cada 12 meses das operações.
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