Justiça

Vereador vira réu por suposto crime de racismo e homofobia no Litoral de SP

Além da condenação do réu por racismo, descrito no caput do artigo 20 da Lei 7.716/1989, a promotora Joicy Fernandes Romano pediu o aumento de pena previsto no artigo 20-B, por envolver funcionário público no exercício da função

Carlos Ratton

Publicado em 13/08/2024 às 11:49

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Conforme divulgado por diversos veículos de Imprensa, Eduardo Pereira, em 21 de maio último, em plena sessão da Câmara de Bertioga, teria se negado a ler o projeto de lei voltado ao público LGBTQIA+ / Reprodução / Youtube

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O vereador Eduardo Pereira de Abreu (PSD) se tornou réu por suposto crime de racismo sob aspecto da homofobia. Por reconhecer "indícios suficientes de autoria e materialidade", o juiz Daniel Leite Seiffert Simões, da 1ª Vara da Comarca de Bertioga, aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), em 27 de junho, véspera do Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN.

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Conforme divulgado por diversos veículos de Imprensa, Eduardo Pereira, em 21 de maio último, em plena sessão da Câmara de Bertioga, na frente de várias pessoas e sob registro da TV Câmara, teria se negado a ler o projeto de lei voltado ao público LGBTQIA , de autoria da vereadora Renata da Silva Barreiro (PSDB). Além disso, teria feito comentários que provocaram risos de alguns colegas de plenária e revolta da vereadora autora de proposta.

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Além da condenação do réu por racismo, descrito no caput do artigo 20 da Lei 7.716/1989, a promotora Joicy Fernandes Romano pediu o aumento de pena previsto no artigo 20-B, por envolver funcionário público no exercício da função. A sanção varia de um ano e quatro meses a quatro anos e seis meses de reclusão. A promotora também requer uma indenização mínima de R$ 50 mil.

O pedido indenizatório está amparado no artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, que permite ao juiz fixar valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração. A conduta do acusado teria gerado danos morais coletivos e o valor pleiteado se destinaria a fundos ou ações voltados ao enfrentamento da discriminação e à promoção da igualdade da população LGBTQIAPN .

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A denúncia por racismo tem por base a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26/DF. Nela, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu que as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, traduzem expressões de racismo e ajustam-se aos preceitos primários da Lei 7.716/1989.

O vereador Eduardo Pereira (PSD) é o segundo secretário da Mesa Diretora da Câmara de Bertioga. Segundo registrado, ele teria dito o seguinte: "Ah não Renata, vou sair fora. Tá louco? Não faz isso comigo, dar um projeto LGBT para mim? "Não, toma, pega aí", entregando o documento e se retirando do plenário. Anos atrás, o parlamentar vislumbrou a cadeira de prefeito de Bertioga.

Projeto

O Projeto de Lei de Renata, que institui o Programa Respeito Tem Nome em Bertioga, prevê cidadania e dignidade a pessoas trans e travestis no Município. Garante acesso à justiça social por meio do prenome e gênero nos documentos.

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Também o desenvolvimento de ações de enfrentamento ao preconceito e discriminação e orientação aos departamentos administrativos municipais. Prevê orientação para acesso a programas e capacitação servidores da administração direta, indireta e autarquias, com atendimento humanizado, observando princípios da dignidade da pessoa humana, igualdade e não vitimização.

Objetiva também a facilitação da retirada de documentos, como certidões de nascimento e casamento, transporte de documentos em cartório e isenta as pessoas de uma série de taxas municipais, entre outros serviços e programas.

"Ele foi encaminhado para análise de um instituto especializado e, quando retornar, deverá ser reapresentado na Casa porque, além de tudo, as pessoas estão me pedindo isso", disse ontem a vereadora Renata Barreiro.

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Quando tudo aconteceu, a parlamentar não escondeu sua indignação: "Não consigo entender, porque o meu Deus é de amor. Quantas pessoas que a gente ama são LGBTQI . Famílias inteiras constituídas. Nunca imaginei a proporção que a atitude dele está tomando. O Coletivo LGBTQI do Município está acionando vários órgãos, entre eles a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a própria Câmara".

Vereador

À época, procurado pela Reportagem, o vereador Eduardo Pereira disse que a repercussão do caso seria um exagero, que não vê no que ele poderia ser acusado e que teria todo o direito de não ler o projeto, apesar de, até o momento, não ter qualquer notícia que ele teria feito o mesmo em outros projetos. "É só isso e vou me manifestar só quando a Justiça me informar qual será a acusação", resumiu. Ontem, ele não se manifestou. (Carlos Ratton)

 

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