As águas não pouparam ocas e casas de alvenaria. Situação ainda é difícil para os 800 moradores / Divulgação
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A Aldeia Rio Silveira, de povo indígena Guarani, localizada em Bertioga, cidade onde o volume das chuvas atingiu 680 milímetros por metro quadrado - o maior da Baixada Santista e Litoral Norte Paulista - está em estado de calamidade pública e precisa de ajuda humanitária urgente.
Cerca de 800 pessoas, entre elas 350 crianças e 15 idosos, ficaram com água praticamente na cintura e perderam tudo em função das chuvas históricas que deixaram, até ontem, segundo balanço da Defesa Civil, 48 mortes (47 em São Sebastião e uma em Ubatuba). O número de desaparecidos subiu para 57.
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Eles precisam urgentemente de mantimentos, roupas, água, remédios, colchões e até combustível. A Aldeia Guarani Rio Silveira está situada no quilômetro 183 da Rodovia Manoel Hipolyto Rego, na divisa entre Bertioga e São Sebastião, em Boraceia, bairro da região sul de Bertioga.
Por estar situada no pé da Serra do Mar, praticamente no lado praia de Boracéia, a água chegou com muita força, com muita lama, impossibilitando até acesso a fontes de água potável. A roça foi destruída.
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A Professora Leda Paula, que mora em Boracéia e que já lecionou para as crianças indígenas Guarani, está ajudando na arrecadação de mantimentos. O telefone dela é (11) 97460-3989. Que quiser pode enviar qualquer quantia em dinheiro pelo Pix cuja chave é o telefone da professora.
Ontem, o cacique Adolfo Timóteo Wera Mirim disse à Reportagem que o volume de água já baixou, mas a economia local, basicamente venda de artesanato, cultivo de palmito e roça - está inviabilizada no momento.
"Perdemos tudo e precisamos de alimentos. Muitos estão abrigados nas 30 casas de alvenaria construídas pelo Governo do Estado. A ocas foram bastante atingidas. As doações também podem ser entregues na escola da aldeia", disse.
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DEMARCAÇÃO.
Conforme já publicado, em 1987, a aldeia foi demarcada por decreto. Atualmente existe um processo de expansão de suas terras, à pedido da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), dos atuais 944 hectares para 8,5 mil, que permanece paralisado desde 2010.
Em 2005, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) construiu as casas de alvenaria, porém o abastecimento de água fica restrito ás casas próximas da estrada.
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Em 2013, uma parceria firmada por FUNAI, CDHU e Prefeitura de Bertioga chegou a prever um investimento total de nove milhões de reais na construção de moradias com água encanada, luz elétrica e rede de esgoto na aldeia.
LITORAL.
A Defesa Civil prossegue nas buscas por vítimas após o temporal que devastou o Litoral Norte de São Paulo no fim de semana. Os trabalhos acontecem principalmente em bairros da costa sul da cidade de São Sebastião, como a Vila do Sahy, área que concentra a maioria das vítimas da tragédia, e Juquehy.
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Na terça-feira voltou a chover forte em São Sebastião e as buscas chegaram a ser suspensas momentaneamente por questões de segurança devido ao risco de novos deslizamentos de terra. O total de pessoas fora de casa, desabrigadas ou desalojadas, chega a 2,5 mil.
O trabalho de resgate é feito por uma força-tarefa com mais de 500 agentes, entre servidores das forças de segurança e equipes do governo estadual, das Forças Armadas, da Polícia Federal e da Prefeitura de São Sebastião, além de voluntários. Todos seguem empenhados para localização, resgate, salvamento e identificação das vítimas.
Os esforços no atendimento às vítimas começaram no domingo e seguem de forma ininterrupta, com o apoio de 53 viaturas do Corpo de Bombeiros, dois cães especializados na busca de pessoas, 31 maquinários, sete helicópteros Águia do Comando de Aviação da Polícia Militar e outras duas aeronaves do Exército. Mais três helicópteros Águia devem chegar.
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As operadoras de celular confirmaram que os sistemas de telefonia e internet nas cidades do litoral norte sofrem com instabilidade porque as redes foram danificadas pelas chuvas, quedas de árvores e deslizamentos, o que prejudica o contato e dificulta ainda mais a situação.
Além da dificuldade de comunicação, a população enfrenta desabastecimento de água. Segundo o governo do Estado, as concessionárias trabalham para restabelecer os serviços essenciais o mais rápido possível.
Diversas rodovias tiveram sérios problemas estruturais causados por erosões, quedas de barreiras e de árvores e deslizamentos. A reconstrução da rodovia Mogi-Bertioga (SP-098), por exemplo, deve levar seis meses para ser concluída, de acordo com Natália Resende, secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística. Já a desinterdição parcial pode ocorrer em dois meses.
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LULA E TARCÍSIO.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Tarcísio de Freitas estiveram em São Sebastião, acompanhados do prefeito Felipe Augusto (PSDB). Lula pediu que não sejam mais construídas casas em encostas de morros, a fim de evitar novas tragédias, e ressaltou a importância da parceria entre os governos Federal, Estadual e Municipal, independentemente de questões partidárias.
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