O Chevrolet Cruze Sport6 RS tenta servir de alternativa a quem quer se diferenciar do espaço exíguo dos hatches compactos mas não se entusiasma com o estilo bruto dos SUVs e picapes / Luiza Kreitlon/AutoMotrix
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Houve um tempo, nem tão distante assim, em que os hatches médios eram os “objetos do desejo” de muitos consumidores brasileiros. Há 20 anos, em um mercado que era dominado de forma quase absoluta pelos hatches compactos como o Volkswagen Gol, o Fiat Palio, o Ford Fiesta e o Chevrolet Corsa, os hatches médios como o Volkswagen Golf, o Chevrolet Astra, o Ford Focus e o Fiat Brava representavam uma evidente ascensão de “status” e um “upgrade” de performance – a mesma função assumida na última década pelos utilitários esportivos e, mais recentemente, também pelas picapes. Enquanto os atuais “queridinhos do mercado” monopolizam os lugares de destaque nas concessionárias de todas as marcas, os hatches médios foram praticamente extintos no Brasil, pelo menos nas marcas generalistas – a única opção atualmente oferecida é o Chevrolet Cruze Sport6. Com tamanho e formato de carroceria similares, existem somente hatches de marcas de luxo, como o Audi A3, o BMW Série 1 e o Mercedes-Benz Classe A – e todos custam bem mais caro que o Sport6. Atualmente, a única configuração disponível do hatch médio da Chevrolet produzido na Argentina é a RS, oferecida por preços que partem de R$ 152.280 (há acréscimos por cores da carroceria e pelas diferentes tributações estaduais).
Na Chevrolet, a designação RS significa Rallye Sport e apareceu pela primeira em 1967 com o lançamento do Camaro. É adotada para os modelos que têm apenas um design esportivo, sem motorização especialmente forte. É o caso do Cruze Sport6 RS, apresentado em fevereiro como linha 2023, que preserva exatamente a mesma motorização 1.4 flex de quatro cilindros e 16 válvulas – com duplo comando variável, turbocompressor e injeção direta – que movia as configurações LT, LTZ e Premier, descontinuadas em 2021. Desenvolve até 153 cavalos de potência de 5.600 a 6 mil rotações por minuto e 24,5 kgfm de torque no longo intervalo de 1.500 a 5 mil giros, quando abastecido com etanol, e trabalha acoplado à transmissão automática de 6 marchas.
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Na parte frontal do Cruze RS, a esportividade se expressa por uma sutil mudança no conjunto formado pela grade, que ganhou detalhes em cromo escurecido, a “gravatinha” da Chevrolet com fundo preto e os faróis com leds e máscara negra. O logo “RS” em vermelho junto às entradas de ar é uma das marcas da versão. Na lateral, a moldura das janelas, o adesivo de coluna e os retrovisores seguem o mesmo visual escurecido. Já as rodas personalizadas de 17 polegadas contribuem para deixar o visual do carro mais esportivo. A capota preta metálica parece ampliar a área do teto solar. Na traseira, o aerofólio foi escurecido, assim como os emblemas com o nome e a marca do veículo na tampa, próximo das lanternas tridimensionais. A versão RS está disponível nas cores Preto Ouro Negro, Branco Summit, Cinza Satin Steel e Vermelho Chili (presente no modelo avaliado).
O hatch médio da Chevrolet traz sensores de estacionamento na frente e atrás, câmera de ré, teto solar elétrico, sensores crepuscular e de chuva, chave presencial e partida por botão. O ar-condicionado é digital e automático, mas é de uma zona só e não tem saídas para o banco traseiro. A central multimídia, com direito a espelhamento de celular, tem 8 polegadas e duas portas USB na frente. Na segurança, são seis airbags, mas não há um sensor de ponto cego.
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O Chevrolet Cruze Sport6 RS tenta servir de alternativa a quem quer se diferenciar do espaço exíguo dos hatches compactos mas não se entusiasma com o estilo bruto dos SUVs e picapes e nem vê graça com o aspecto senhorial e austero dos sedãs. Contudo, foram apenas 454 unidades vendidas no primeiro quadrimestre do ano – média de 113 mensais. Com uma performance de vendas tão pouco animadora, a perspectiva é que os hatches médios sigam em breve o caminho das station wagon médias – como as estilosas Toyota Corolla Fielder, Volkswagen Santana Quantum, Fiat Marea Weekend e Renault Megane Grand Tour – e das peruas compactas, como as simpáticas Volkswagen Parati e SpaceFox e a longeva Fiat Palio Weekend (a última station “made in Brazil”, fabricada de 1997 a janeiro de 2020). Apesar do saudosismo de uns e outros, talvez o Chevrolet Cruze RS represente o canto do cisne dos hatches médios no Brasil. Abrirão espaço para que novos SUVs e picapes continuem a engrossar os engarrafamentos nacionais.
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Experiência a bordo
Jeito hatch de ser
Desde o lançamento, em 2012, a família Cruze teve como destaque um bom padrão de habitabilidade. Para quem não aprecia a posição elevada imposta pelos utilitários esportivos e picapes, dirigir um hatch, com o motorista instalado mais próximo ao solo, mas sem a restrição de espaço inerente aos hatches compactos, é uma experiência interessante. Na versão única RS, o hatch tem bancos pretos com estilosas costuras vermelhas. Com sua tela sensível ao toque de 8 polegadas, o multimídia MyLink 3 é bem interativo – porém, não incorporou a navegação integrada, presente na antiga versão Premier. Há espaço atrás para dois adultos viajarem confortavelmente, entretanto, o porta-malas leva apenas 290 litros – o mesmo volume do subcompacto Renault Kwid –, algo que ajuda a explicar a razão de muita gente preferir investir nos SUVs e picapes.
A versão RS fica devendo outros itens de assistência e conforto existentes na extinta versão Premier, como o alerta de saída de faixas, o alerta de colisão e assistente de estacionamento e o carregador por indução para smartphones. Felizmente, foi mantido o OnStar, sistema de telemática avançado da Chevrolet, capaz de identificar que o veículo se envolveu em um acidente e contatar uma central para providenciar resgate automático, se necessário. O OnStar também oferece assistência na recuperação veicular em caso de roubo ou furto e apoio em problemas mecânicos cobertos pelo Chevrolet Road Service.
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Impressões ao dirigir
Chega de saudade
Depois de seis anos de mercado brasileiro, o Cruze Sport6 ainda chama a atenção nas ruas por seu desenho bem acertado, principalmente após o “facelift” de 2019 – talvez a vistosa tonalidade Vermelho Chili do modelo testado colabore um pouco para isso. O motor 1.4 turbo de até 153 cavalos e torque de 24,5 kgfm é bem dimensionado para o porte do hatch e atende satisfatoriamente as suas necessidades de performance. Permite um desempenho decente, com velocidade final de 214 km/h e aceleração de zero a 100 km/h em 8,8 segundos, segundo a General Motors.
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As retomadas são rápidas e o hatch da Chevrolet anda bem na cidade e na estrada, embora o câmbio de 6 marchas aparentemente tenha um acerto mais voltado para a economia. A transmissão GF6 quase sempre faz as mudanças automaticamente de forma precisa – tirante alguns raros momentos de aparente indecisão. Como não há aletas no volante para trocas sequenciais, quem prefere mudar as marchas manualmente pode fazê-lo na própria alavanca de câmbio. O acerto de suspensão e direção é um pouco mais firme em comparação ao Cruze sedã, mas o Sport6 – apesar do que o nome sugere – é um hatch médio que favorece mais o conforto do que a esportividade. A dirigibilidade é agradável e a suspensão dá conta do recado, tanto em asfaltos qualificados quanto em piso mais irregular. Mesmo em curvas fechadas em alta velocidade, o modelo dá a sensação de estar equilibrado.
Em termos de consumo, em sua categoria, o Cruze Sport6 RS manteve a nota A no segmento e ainda ostenta o selo de eficiência energética Conpet como o melhor entre os hatches médios – a ausência de concorrência certamente tira um pouco do brilho da conquista. Na comparação geral com automóveis de todas as categorias, levou um B. O consumo da estrada ficou de 9,4 km/l com etanol e de 13,5 km/l com gasolina. Na cidade, bateu 7,6 km/l com etanol e 11,1 km/l com gasolina.
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Ficha técnica
Chevrolet Cruze Sport6 RS
Motor: dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.399 cm³, duplo comando variável, turbo e injeção direta, flex
Potência: 150 cavalos a 5.600 rpm (gasolina)/153 cavalos a 5.200 rpm (etanol)
Torque: 24 kgfm a a 2.100 rpm (gasolina)/24,5 kgfm a 2 mil rpm (etanol)
Transmissão: automática de 6 marchas, tração dianteira
Suspensão: MacPherson na dianteira e eixo de torção na traseira
Rodas e pneus: aro 17 polegadas com pneus 215/50 R17
Freios: discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira
Dimensões: 4,49 metros de comprimento, 1,80 metro de largura, 1,48 metro de altura e 2,70 metros de entre-eixos
Peso: 1.336 kg
Porta-malas: 290 litros
Tanque: 52 litros
Preço: a partir de R$ 152.280, na cor metálica Ouro Negro. A cor sólida Branco Summit acrescenta R$ 850 e as metálicas Cinza Satin Steel e Vermelho Chili (a do modelo testado) somam R$ 1.900 à fatura. Os Estados Amapá, Acre, Rondônia, Roraima e São Paulo têm variações de preço público sugerido decorrentes da tributação local