É com grande entusiasmo que aceitei a proposta pelo Diário do Litoral / Igor de Paiva/DL
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É com grande entusiasmo que aceitei a proposta pelo Diário do Litoral, para contribuir com as discussões sobre nossa comunidade, em uma parceria que busca dar voz às preocupações e aspirações dos santistas – sejam empresários, trabalhadores, estudantes, artistas...
Meu nome é Antônio Carlos Fonseca Cristiano, muitos me conhecem como Caio. Como engenheiro e cidadão, neste espaço, a cada quinze dias, trarei contribuições para que, juntos, possamos refletir sobre os desafios e as oportunidades que moldam nossa cidade.
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Para começar nossa conversa, pergunto: já parou para matutar sobre o impacto que Santos tem no Brasil? Nossa cidade, muitas vezes lembrada apenas como “a cidade das praias dos paulistas”, é muito mais do que isso. Santos é história viva, com raízes que remontam à época do café, quando o porto foi consolidado como um dos mais importantes do mundo. É também trabalho, conexão, e uma força motriz que movimenta a economia nacional.
O Porto de Santos é responsável por aproximadamente 28% da balança comercial brasileira, movimentando mais de 150 milhões de toneladas de carga por ano.
Produtos como soja, milho, celulose, açúcar e carne estão entre os mais exportados. Além disso, o segmento de contêineres do Porto é referência na movimentação de cargas de alto valor agregado, como eletrônicos, peças automotivas e produtos químicos.
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Mas o setor enfrenta desafios regulatórios e operacionais importantes que precisam de nosso monitoramento constante. Recentemente, a discussão sobre a privatização do Porto de Santos foi intensificada, até que, em dezembro de 2023, o governo federal oficializou a retirada do Porto do Programa Nacional de Desestatização.
Isso garantiu que a gestão do Porto continue pública, o que mantém o foco no atendimento das necessidades estratégicas do Brasil e, particularmente, de Santos.
Ainda assim, a fragilidade da relação porto-cidade permanece um tema central. Enquanto o Porto gera empregos e movimenta a economia, suas operações impactam diretamente o cotidiano dos santistas.
O aumento do fluxo de caminhões, as filas para acessar os terminais e as restrições nos acessos rodoviários e ferroviários são problemas que afetam tanto a logística quanto a qualidade de vida. Temos ainda de mencionar como o impacto ambiental das operações exige cada vez mais rigor na fiscalização e projetos sustentáveis que conciliem desenvolvimento e preservação.
Um ponto de atenção é que muitas decisões estratégicas sobre o Porto ainda são tomadas em Brasília, distante do litoral e da realidade local.
A Lei nº 12.815/2013, conhecida como Lei dos Portos, trouxe avanços significativos para o setor, mas sua aplicação ainda é objeto de interpretações e ajustes que nem sempre consideram as peculiaridades de Santos.
Seria mais eficiente que as discussões regulatórias incluíssem de forma mais ativa as vozes locais, de quem vive e trabalha aqui diariamente.
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É inequívoco que o setor possui uma interdependência decisória, em razão de outras áreas e setores da economia que se vinculam às soluções logísticas, a exemplo da correlação entre Santos e São Paulo.
Enquanto São Paulo é o coração financeiro do Brasil, Santos é o fluxo vital que conecta esse coração ao comércio global.
Essa relação, entretanto, precisa ser equilibrada: não adianta o motor econômico roncar forte se a logística e a infraestrutura para escoar as riquezas encontrarem barreiras na entrada ou saída do Porto, e ainda causando prejuízos à vida de muitos brasileiros.
Precisamos valorizar o que temos, defender nossas necessidades e destacar nossa contribuição para o país. O que nos resta agora é agir. O reconhecimento da importância de Santos para o Brasil começa conosco, santistas. Até a próxima reflexão!