Artigo

Sem novidade, crise ambiental nas praias continua alarmante

Essa realidade, infelizmente, não é nova e reflete uma gestão ambiental ineficaz e uma cultura de descaso com o meio ambiente

Caio da Marimex

Publicado em 07/01/2025 às 16:01

Atualizado em 07/01/2025 às 16:05

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

'As praias, que deveriam ser um refúgio de lazer e beleza, estão sofrendo com poluição crescente' / Divulgação

Continua depois da publicidade

O litoral paulista, um dos destinos mais queridos pelos paulistanos, enfrenta uma crise sem precedentes. As praias, que deveriam ser um refúgio de lazer e beleza, estão sofrendo com poluição crescente e surtos de viroses. Essa realidade, infelizmente, não é nova e reflete uma gestão ambiental ineficaz e uma cultura de descaso com o meio ambiente.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Um exemplo gritante é a Praia do Perequê, no Guarujá, que em 2024 foi classificada como a mais poluída do estado, com 51 das 52 análises semanais indicando condições impróprias para banho. Em Mongaguá, o cenário também é preocupante: foram encontrados 83 fragmentos de microplásticos por metro quadrado em uma única praia, um número assombroso que coloca a cidade entre as mais afetadas do Brasil.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Santos e o Porto: como será 2025?

Essa crise não surgiu do nada. Projetos de urbanização mal planejados, décadas de falta de saneamento básico e o aumento do turismo sem medidas eficazes de controle ambiental levaram à deterioração das nossas águas. E quem sente o impacto não é só o meio ambiente. O turismo, que movimenta a economia de toda a região, sofre diretamente. Turistas evitam praias com alertas de contaminação, o que afeta hotéis, restaurantes e pequenos negócios.

Os surtos de virose, que atingiram municípios como Guarujá e Praia Grande no início deste ano, reforçam a gravidade do problema. A Secretaria de Saúde do Estado ainda investiga as causas, mas sabemos que a sobrecarga dos sistemas de esgoto e drenagem é um dos fatores determinantes. Chuvas intensas e a falta de manutenção adequada desses sistemas agravam o quadro.

Continua depois da publicidade

No entanto, não estamos condenados a esse cenário. Há exemplos internacionais que provam que mudanças significativas são possíveis. Copenhague, capital da Dinamarca, transformou-se em uma referência global ao enfrentar sua maior ameaça climática: a água. A cidade está implementando mais de 300 projetos para se proteger de inundações, incluindo a construção das chamadas infraestruturas verdes e azuis para absorver e retardar o fluxo de água durante chuvas torrenciais, transformando em uma "cidade-esponja", capaz de lidar com volumes crescentes de águas pluviais e mitigar os riscos de ambientais e sanitários.

No nosso caso, a solução não é simples, mas ela começa com responsabilidades bem distribuídas. Os gestores públicos precisam investir em infraestrutura sanitária e fortalecer a fiscalização. Não é aceitável que ligações clandestinas continuem poluindo nossas praias sem que medidas sejam tomadas. O saneamento básico precisa ser uma prioridade inegociável.

A sociedade também tem um papel vital. Por outro lado, a sociedade também tem o seu papel. Resíduos descartados de forma inadequada, principalmente plásticos, continuam a ser uma das principais fontes de contaminação. Cada bituca de cigarro jogada na areia, cada embalagem deixada para trás, contribui para um problema muito maior. É preciso uma mudança de comportamento coletiva e imediata.

Continua depois da publicidade

Empresas que operam em áreas sensíveis, como o Porto de Santos, também precisam liderar pelo exemplo. O recém-assinado "Manifesto ESG" é um passo na direção certa, mas deve sair do papel e se traduzir em ações práticas. A adoção de práticas sustentáveis, a transparência nos impactos ambientais e o trabalho conjunto com as comunidades locais são indispensáveis para uma mudança verdadeira.

Reverter essa situação exige urgência, consistência e colaboração. Investir em tecnologia de saneamento, implementar políticas públicas efetivas, promover educação ambiental e mobilizar todos os setores da sociedade são os únicos caminhos possíveis. A crise nas praias paulistas é muito mais que um problema ambiental, é uma questão de saúde, economia e qualidade de vida. Garantir a preservação de nossas praias é um compromisso com o futuro da nossa região e com as próximas gerações. A mudança depende de cada um de nós, e a hora de agir é agora.

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software