Orla da praia de Santos / Divulgação/Prefeitura de Santos
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Se a cidade pudesse falar, talvez Santos contasse sua história assim: "Sempre estive aqui, entre o mar e a terra, vendo gerações chegarem, partirem e transformarem tudo à sua volta. Mas agora, algo diferente está acontecendo.
Meu povo não olha mais para mim como apenas um lugar de passagem. Eles sabem que sou viva, pulsante, e que meu futuro depende do que fazem hoje."
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Santos, com sua brisa salgada e sua identidade marcada pelo porto e pelo oceano, está deixando de ser apenas uma cidade costeira para se tornar uma referência em inteligência urbana e sustentabilidade. Mas vamos ser sinceros: falar em Cidades Inteligentes muitas vezes soa distante, técnico, como algo que só acontece em países futuristas cheios de tecnologia de ponta. Só que a verdade é que ser inteligente não tem só a ver com sensores, câmeras e aplicativos – tem a ver com cuidar melhor do que é nosso.
Afinal, de que adianta termos Wi-Fi gratuito nos pontos turísticos se as águas do oceano estão cheias de lixo?
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De que vale um sistema de transporte eficiente se as mudanças climáticas tornarem a cidade inviável para se viver? Ser uma cidade inteligente é muito mais do que digitalizar processos. É ser estratégica, sustentável e, acima de tudo, conectada à sua própria realidade.
E Santos entendeu isso.
Nos últimos anos, um movimento vem ganhando força na cidade: a Cultura Oceânica. Isso significa que, em vez de simplesmente ver o oceano como uma paisagem bonita ou como uma rota comercial para navios cargueiros, Santos começou a enxergar o mar como parte essencial da sua identidade e do seu futuro.
Os projetos de combate ao lixo no mar, a educação ambiental nas escolas e o envolvimento da universidade com pesquisas aplicadas mostram que essa não é apenas mais uma ideia bonita para discursos de prefeitos e secretários – é uma mudança real. Afinal, falar de sustentabilidade sem incluir o oceano, em uma cidade como Santos, é como tentar discutir mobilidade sem falar do trânsito.
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E aí entra um ponto fundamental: o conhecimento precisa estar acessível para todos. Não basta termos especialistas falando sobre mudanças climáticas em congressos, se o morador comum não entende o impacto disso no seu dia a dia. Uma cidade verdadeiramente inteligente compartilha informações, ensina, aprende e constrói soluções coletivas.
Aqui entra o papel das universidades. Quem diria que, em meio a tantos problemas urbanos, a academia poderia ser um elo fundamental para tornar Santos uma referência? Mas é exatamente isso que está acontecendo. Pesquisadores estão saindo dos laboratórios e indo para as ruas, coletando dados sobre a poluição marinha, ajudando na gestão de resíduos sólidos e propondo novos modelos de desenvolvimento urbano.
O futuro das cidades não pode ser decidido apenas por empresários e políticos. Ele precisa ser construído de forma coletiva, aproveitando o que há de melhor em cada setor. E a academia, com seu conhecimento e capacidade de inovação, tem um papel essencial nessa equação.
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Quando falamos de Santos Inteligente, não estamos falando de um futuro distante, mas de algo que já está acontecendo. O lixo no mar já está sendo mapeado e combatido. As tecnologias para um desenvolvimento sustentável já estão sendo aplicadas. A mentalidade das novas gerações já está mudando.
O grande desafio, agora, é transformar tudo isso em algo duradouro. Manter a cidade no caminho da inovação sem perder a conexão com sua essência. Tornar a tecnologia uma aliada da qualidade de vida, e não apenas um atrativo para investidores.
No fim das contas, uma cidade inteligente não é aquela que tem mais tecnologia, mas aquela que cuida melhor de si mesma e das pessoas que a habitam. E Santos está mostrando que, quando se trata de inteligência e sustentabilidade, ela não está apenas acompanhando a conversa – ela está liderando o caminho.
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Alessandro Lopes
Arquiteto, Mestre em Direito Ambiental e Pesquisador em Cidades Criativas e Inteligentes
Movimento Nacional ODS SP – Santos