Fábio Tatsubô, chefe do departamentos dos ODS de Santos / Nair Bueno/DL
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— Alessandro, a tecnologia pode ajudar na implementação dos ODS nas cidades, como podemos fazer isso se tornar realidade?
A pergunta veio de Fábio Tatsubô, do Movimento ODS Santos, diante dos desafios urbanos e ambientais cada vez mais complexos, a conversa fluiu naturalmente para um tema em comum: a necessidade de unir inovação tecnológica e sustentabilidade.
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— Claro, Fábio. Já discutimos muito sobre ESG e desenvolvimento sustentável, mas vejo que, muitas vezes, as soluções não saem do papel por falta de ferramentas adequadas. A Building Information Modeling, o BIM, pode ser esse diferencial. Com ele, podemos antecipar impactos ambientais, otimizar a eficiência energética das edificações e estruturar um planejamento urbano mais sustentável e inclusivo.
— E o mais interessante é que, ao conectar essa metodologia às diretrizes dos ODS, podemos ir além das certificações e criar impacto real nas cidades.
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Essa troca de ideias não era apenas uma reflexão teórica. Santos, uma cidade que desde sua fundação equilibra crescimento e meio ambiente, sempre esteve aberta à inovação. Desde os primeiros projetos de drenagem urbana no século XIX até as atuais iniciativas de resiliência costeira, a cidade tem um histórico de planejamento urbano adaptativo. Mas agora, diante das mudanças climáticas e da crescente demanda por cidades inteligentes, é necessário dar um passo além.
A Modelagem da Informação da Construção (BIM) não é apenas um software para projetar edificações em 3D. Ela permite a criação de modelos inteligentes que simulam cenários ambientais, analisam o consumo de recursos naturais e otimizam a eficiência das construções.
— Imagina aplicar isso em projetos de habitação social, permitindo que as novas construções já nasçam mais sustentáveis e com menor impacto ambiental?
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— Ou mesmo usar o BIM para mapear o centro histórico de Santos, garantindo que intervenções em patrimônios tombados respeitem não só as diretrizes de conservação, mas também princípios de sustentabilidade?
A tecnologia oferece possibilidades infinitas. Modelos digitais podem prever o comportamento das construções em diferentes condições climáticas, contribuindo para cidades mais resilientes. Em um cenário onde o impacto ambiental das construções já representa quase 40% das emissões globais de CO, utilizar ferramentas que auxiliem na redução desse impacto é mais do que necessário — é urgente.
Essa conversa culminou em alguns painéis dentro do Fórum da Construção, Inovação e Sustentabilidade, realizada pelo Movimento ODs Santos, onde especialistas em urbanismo, e tecnologia aprofundaram as discussões sobre o papel do BIM na construção de cidades mais inteligentes e ambientalmente responsáveis. O encontro deixou claro que esse caminho é factível e que cada vez mais pessoas reconhecem e comprovam que é possível construir de forma sustentável, alinhando inovação e respeito ao meio ambiente.
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Os debates reforçaram que o BIM pode ser um facilitador para que as diretrizes ESG e os ODS não sejam apenas compromissos institucionais, mas sim ferramentas concretas para tomadas de decisão mais eficientes no desenvolvimento urbano.
Além disso, foi possível observar um interesse crescente por parte das instituições de ensino na incorporação desses conceitos às suas grades curriculares. O Green BIM já começa a ser tema de disciplinas e pesquisas acadêmicas, preparando as novas gerações de arquitetos, engenheiros e urbanistas para o futuro do planejamento urbano sustentável.
Universidades, centros de pesquisa e programas de extensão têm papel essencial na disseminação dessas práticas, pois oferecem o ambiente ideal para testar novas metodologias e desenvolver soluções inovadoras. Santos, como polo educacional e tecnológico da Baixada Santista, pode se tornar referência na formação de profissionais preparados para integrar tecnologia e sustentabilidade no desenvolvimento das cidades.
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A sustentabilidade urbana não depende apenas de discursos, mas de ações coordenadas. E, com o BIM como aliado, a construção de um futuro mais sustentável e inteligente para as cidades já começou.
* Alessandro Lopes, arquiteto, Mestre em Direito Ambiental e Pesquisador em Cidades Criativas e Inteligentes
Movimento Nacional ODS SP - Santos