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Agro usa tanto glifosato nas lavouras que já falta veneno no Brasil e preço dispara 300%

Volume de glifosato aplicado por fazendeiros e sitiantes tem crescido tanto que o preço do veneno disparou nos últimos 12 meses

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Publicado em 23/07/2021 às 16:20

Atualizado em 23/07/2021 às 16:24

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Aplicação de agrotóxicos. / Igor Vetushko

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*Por Nilson Regalado

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O estoque do herbicida mais usado no Brasil está prestes a acabar. O volume de glifosato aplicado por fazendeiros e sitiantes tem crescido tanto que o preço do veneno disparou nos últimos 12 meses. A alta foi de 300%, segundo levantamento divulgado agora pela agropages.com. A pesquisa ouviu distribuidores de agroquímicos e a aproximação da primavera com o iminente plantio de soja, milho, feijão e arroz após a volta das chuvas espalha incertezas pelo campo. O glifosato é usado em praticamente todas as lavouras do Brasil para conter o mato.

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A China, principal fornecedora, tem enfrentado redução na oferta de matérias-primas usadas na produção do herbicida. Essa carência de fósforo amarelo, ácido acético, cloro e amônia fez o preço do agroquímico bater recorde também nos portos chineses.

Usado inicialmente para limpar metais, o glifosato foi considerado potencialmente cancerígeno pela Organização Mundial da Saúde em 2015. Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Bekerley, da Universidade de Washington e da Faculdade de Medicina Mount Sinai, de Nova York, afirmam que a exposição ao glifosato aumenta em 41% as chances de o indivíduo desenvolver o linfoma não-Hodgkin.

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A Bayer, que fabrica o veneno, responde a 18 mil processos só nos tribunais dos EUA e já foi condenada a pagar indenizações que somam R$ 1 bilhão 415 milhões a trabalhadores que desenvolveram câncer após o uso contínuo do veneno. Há indícios de que o glifosato provoque mutações genéticas e autismo. O produto já foi proibido em 20 países, incluindo França, Áustria, Holanda, Suécia, Dinamarca, México e El Salvador.

Segundo a Fundação Instituto Oswaldo Cruz, o consumo do glifosato no Brasil cresceu dez vezes nos últimos 30 anos, após o surgimento das sementes transgênicas. Essas duas tecnologias fizeram do País o maior exportador de soja do mundo e um dos maiores exportadores de milho e arroz, além de contribuir para tornar as carnes brasileiras sucesso de vendas em mais de 100 países. Em 2016, o Instituto Nacional do Câncer concluiu que cada brasileiro ingere, em média, 5,2 litros de venenos agrícolas por ano. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo.

Pastor belga malinois...
Dois cães da raça pastor belga malinois foram integrados nesta semana à Vigilância Agropecuária Internacional em portos e aeroportos brasileiros. O objetivo é evitar o ingresso de vegetais, queijos, carnes e mel que possam trazer pragas e doenças para lavouras brasileiras. Os animais foram adquiridos e treinados com recursos provenientes de ações movidas pelo Ministério Público Federal em Brasília

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...a serviço do Brasil
O uso obrigatório de cães nas operações de fiscalização sanitária integra o Projeto 6028/2019, já aprovado por duas comissões da Câmara dos Deputados. Falta definir os prazos para efetivação da medida e a quantidade de cães em cada porto, aeroporto e posto de fronteira.

Filosofia do campo:
“O que é o Céu senão um suborno? E o que é o Inferno senão uma ameaça?”, Jorge Luis Borges (1899/1986), poeta argentino.

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