Santos

Incêndio da Ultracargo, na Alemoa, completa um ano

Documentário Tonéis de Fogo e seminário provam que sociedade santista não esqueceu do acidente

Carlos Ratton

Publicado em 02/04/2016 às 08:00

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Incêndio durou nove dias até que fosse totalmente debelado / Luiz Torres/DL

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Em 2 de abril de 2015, enquanto os santistas preparavam a celebração da Páscoa e milhares de turistas desciam pelas estradas da Serra do Mar, tinha início um incêndio no terminal da empresa Ultracargo, na entrada de Santos. As chamas ganharam grandes proporções, houve explosões, atingindo diversos tanques de armazenagem de produtos químicos e o fogo durou nove dias até que fosse totalmente debelado.

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Para conter este incêndio, o segundo mais longo do mundo, foi necessário o trabalho de mais de 200 bombeiros e brigadistas, que usaram mais de 5 bilhões de litros de água e todo estoque do País de Líquido Gerador de Espuma (LGE), produto aplicado no combate às chamas. Além disso, o acidente interrompeu o acesso de caminhões e trens ao Porto de Santos, levou à morte de milhões de toneladas de peixes e trouxe impactos para a vida de milhares de pessoas que moram em bairros próximos ao terminal.

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Todo esse drama ­poderá ser relembrado na próxima terça-feira (5), às 20 horas, no Cine Roxy 5 (Rua Tolentino Filgueira, 443, Gonzaga). Santistas e moradores da região terão a oportunidade de lembrar o dia que a cidade parou. Será exibido ‘Tonéis de Fogo’, documentário produzido pela Viva Filmes, que tem o objetivo de fazer uma reflexão sobre causas e efeitos do acidente que ganhou a mídia nacional e internacional. Após a exibição do curta-metragem haverá um debate com pessoas da comunidade, representantes do Ministério Público, do Poder Legislativo e do movimento sindical.

Em visita à Redação do Diário, o diretor do filme, Giba Vieira, acompanhado de um dos líderes da Zona Noroeste, Leandro Valença (integrante da ONG Procuru) e o vereador Evaldo Stanislau (Rede) – todos integrantes e colaboradores do filme – revelaram a importância da iniciativa. “Nossa preocupação é que o acidente não seja esquecido. Por intermédio do filme, vamos mostrar uma história real de moradores da comunidade do entorno da Ultracargo. Meu compromisso é que esse filme sirva de ferramenta ao Ministério Público. Depois, vamos nos preocupar em participar de festivais de cinema nacionais e internacionais”, afirma Giba Vieira.

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Leandro Valença acompanhou a comunidade nos momentos difíceis e as discussões após o acidente. “Percebemos as dificuldades de comunicação, a falta de presença e preparo do poder público, a desorganização dos pescadores e a fragilidade da comunidade. Esse documentário tem a proposta de manter esse história na lembrança, para que não se repita. O Grupo Coalisão, formado por moradores da Alemoa, Jardim São Manoel, Piratininga e Vila dos Criadores, se uniu nessa ideia e deram depoimentos importantes”.

Vereador quer muito mais atenção aos moradores das áreas de entorno da Alemoa

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Para Evaldo Stanislau, será uma oportunidade ímpar para que a sociedade relembre este momento trágico do ponto de vista humano, socioambiental e econômico. “O mais grave é que, um ano depois, temos a certeza que nada mudou, deixando no ar um sentimento de que a qualquer momento podemos viver um acidente ainda mais grave”, enfatizou Stanislau, que já promoveu dois encontros para discutir as consequências do incêndio e é autor de um plano de ação para catástrofes.

Para ele, a Cidade continua despreparada para acidentes do porte do ocorrido há um ano. “Tivemos o fator sorte. A avaliação de culpados ainda está sendo feita. A pluma da fumaça acabou atingindo a encosta da serra e parte de Cubatão. Se a fumaça se voltasse para Santos, a população seria bastante penalizada. Depois, também por sorte, tanques com produtos altamente tóxicos foram isolados. Temos que repensar se vale a pena termos armazenagens de produtos tão próximas da população e mudar o sistema de segurança das operações.Não podemos viver contando com a sorte”, afirma o parlamentar.

Stanislau cita que em fevereiro foi a vez de Guarujá ser palco de um incêndio na área portuária, que gerou impactos para outras cidades da Baixada, especialmente Santos, que foi tomada por uma densa névoa de produtos químicos a base de cloro. “Não se pode aceitar a passividade diante da reiteração de tragédias que colocam em risco a vida de milhares de pessoas. O lançamento do ‘Tonéis de Fogo’ é um marco na luta por políticas públicas que atuem na prevenção destes acidentes e na construção de planos de contingência em larga escala, visando a preservação da vida humana e do meio ambiente”, acredita.

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Saúde

O vereador santista salienta que é preciso mais. Ele é da opinião que seria fundamental um plano de acompanhamento da saúde das comunidades nos próximos anos e outro que proporcionasse planos de fuga. Além disso, “os bairros do entorno da Alemoa deveriam contar com uma unidade de saúde autônoma, com funcionamento 24 horas, para poder assegurar os primeiros atendimentos emergenciais”, conclui.

Ultracargo paga 16 milhões de multa à Cetesb

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O Terminal Químico de Aratu/Tequimar, do Grupo Ultracargo, pagou à Cetesb R$ 16 milhões de multa por danos ambientais causados pelo incêndio. A penalidade original imposta, de R$ 22,5 milhões, teve um desconto de 30% com base na lei federal 6.514, de 2008, que prevê este benefício sempre que o autuado efetuar o pagamento no prazo legal de 10 dias.

A Tequimar foi multada por lançar efluentes líquidos no estuário de Santos, em manguezais e na lagoa contígua ao terminal, e emitir efluentes gasosos na atmosfera, o que colocou em risco a segurança das comunidades próximas, aos funcionários e à outras instalações localizadas na mesma zona industrial, além de ter provocado a mortandade de milhares de peixes no estuário e no rio Casqueiro, prejudicando a pesca na região.

Além de pagar a multa, a empresa também terá que promover melhorias em suas instalações para obter a licença ambiental necessária para a substituição, adequação ou reforma das instalações e tanques de armazenamento de produtos químicos perigosos. Na próxima semana, você conhecerá as medidas da Ultracargo e das prefeituras de Santos e Cubatão para evitar novos acidentes.

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Seminário na UNIFESP discute perigos do Porto de Santos

Paralelamente ao filme, na próxima quinta-feira (7), às 18h30, será realizado o Seminário de Saúde Ambiental, no Campus de Santos da Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP). O tema será   Segurança Urbana em face dos Acidentes Ampliados no Porto de Santos e a Mitigação de Impactos Ambientais e Sociais”. A entrada é livre.

O Seminário é organizado por alunos do curso de Serviço Social e do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Saúde Socioambiental (NEPSSA) da universidade e o objetivo é construir um projeto para proteger a comunidade de acidentes ocorridos no Porto de Santos.

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Os estudantes contam com a parceria da Coalização; da ­Associação Biblioteca em Contêiner, da Associação de Combate aos Poluentes (ACPO), da Associação de Saúde Socioambiental (ASSA) e outras entidades preocupadas com o meio ambiente da Baixada Santista.

Confira:

Terça-feira (5), às 20 horas
No Cine Roxy 5 (Rua Tolentino Filgueira, 443, Gonzaga)
Filme Tonéis de Fogo

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Quinta-feira (7) – às 18h30
No Campus de Santos da Universidade Federal do Estado de São Paulo - ­UNIFESP (Rua Silva Jardim, 136, Vila Mathias)
Seminário de Saúde Ambiental:  Segurança Urbana em face dos Acidentes Ampliados no Porto de Santos e a Mitigação de Impactos Ambientais e Sociais.

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