Segundo delator, Nei da Estiva teria recebido R$ 20 mil; sindicalista nega / Matheus Tagé/DL
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O presidente do Sindicato dos Estivadores de Santos e Região, Rodnei Oliveira da Silva, processará a empreiteira Odebrecht por danos morais. Seu nome está entre os oito políticos da região, numa versão conhecida como 2.0 da lista da empreiteira, apresentada por um executivo da empresa, em delação na Operação ‘Lava Jato’, publicada pelo Portal Poder 360 e regionalizada pelo Diário do Litoral, na última sexta-feira (14).
Segundo consta em uma planilha com nomes e codinomes de 180 políticos brasileiros, entregue pelo diretor de Infraestrutura e um dos chefes do “Departamento de Propinas” da empreiteira, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Nei da Estiva, o Estiva (segundo o documento), teria recebido R$ 20 mil, enquanto candidato a deputado federal (PDT), em 2010.
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“Vai ter que provar. Como não provará, será processado. Ele e a empreiteira. Essa gente não pode sair por aí, impunemente, jogando na lama o nome das pessoas. Essa denúncia é infundada e não só me prejudica pessoalmente, mas também a luta da categoria pelo mercado de trabalho. É o tipo de acusação para nos enfraquecer perante os patrões. Mas não conseguirão”, afirma Nei.
O sindicalista não vê razão de estar na lista. “Que interesses da Odebrecht eu defenderia, para seu ‘Departamento de Propinas’ me dar dinheiro?”, indaga Nei, recordando que três anos após a eleição, os estivadores, liderados por ele e outros sindicalistas, ocuparam o primeiro navio atracado no terminal da Embraport, que pertence a Odebrecht. Esse episódio, amplamente noticiado pela imprensa, aconteceu em setembro de 2013, quando estivadores e outras categorias do porto, “na força e na garra, ocuparam o terminal, na margem direita do porto. Foi para isso que teriam me dado dinheiro? Tenha santa paciência. Ela diz que me deu R$ 20 mil? Pois agora exigirei indenização de R$ 2 milhões, se assim o advogado entender viável em juízo. Acusar é fácil. Quero ver provar”, finaliza.
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Vereador
O vereador Braz Antunes, chamado na lista como Adoniran, também se mostrou indignado após saber que teria recebido R$ 20 mil da Odebrecht. “A respeito das notícias que chegaram ao meu conhecimento, confesso que estou completamente surpreso com a inclusão do meu nome numa suposta planilha da Odebretch. Estou me sentindo como num conto de Kafka, daqueles em que você se vê envolvido em uma situação esdrúxula sem saber a razão. Nunca tive qualquer contato com alguma pessoa ligada à empresa, nem diretor, nem engenheiro, funcionário, secretária, faxineiro nem nada. Nunca estive nem ao menos próximo deste universo e nem recebi nada da Odebrecht”, afirma.
O parlamentar disse estar preocupado com a família. “Minha preocupação maior é com os efeitos de uma notícia dessas para a minha vida, para a minha família, para os meus amigos, especialmente nestes tempos de agressões verbais via redes sociais. Continuo tranquilo com a minha consciência e sereno, porém preocupado com uma coisa que nunca correspondeu à realidade da minha vida”, finaliza.
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Outros
Além do sindicalista e o vereador, a lista apresentada pelo executivo consta os deputados federais Beto Mansur (Manso ou BMW) e João Paulo Tavares Papa (Benzedor); o vice-governador Márcio França (Paris), o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (Babosa), o sindicalista Robson Lima Apolinário (Crusoé) e o ex-secretário de Portos de Santos, Sérgio Aquino (Pequeno). As planilhas são relativas às eleições de 2008 a 2014. Todos, com exceção de Robson Apolinário, já haviam se manifestado a respeito do assunto, alertando que as doações teriam sido realizadas de forma legal e declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Valores. Mansur teria recebido R$ 150 mil e 300 mil; Papa R$ 300 mil; França R$ 70 mil; Paulo Alexandre Barbosa R$ 600 mil; Braz Antunes, Nei da Estiva e Robson Apolinário R$ 20 mil e Sérgio Aquino R$ 400 mil.
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