A operação teve início na quarta-feira passada e terminou ontem. A viagem deve levar 15 dias / Divulgação/Codesp
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Uma manifestação com cerca de 40 pessoas no Gonzaga, em Santos, chamou a atenção de quem passou pelo local no último domingo. O motivo foi a megaoperação no Porto de Santos para o embarque de cerca de 27 mil bois para a Turquia. A operação teve início na quarta-feira passada e terminou ontem. A viagem deve levar 15 dias.
Os ativistas estão chocados com a forma de transporte dos animais e com a volta deste tipo de procedimento no Porto de Santos, que há quase 20 anos não realizava embarque de cargas vivas.
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Segundo a ativista e uma das organizadoras do protesto, Paulla Maniezi, muitas pessoas que passaram pela manifestação apoiaram a causa. “Tem gente que mesmo consumindo carne, disse não entender a necessidade de colocar um animal nessa situação. É triste e cruel”, declara.
A veterinária e também ativista, Amanda Carrochano, explicou que para este tipo de operação, os animais são colocados em baias cujo espaço não permite a mobilidade adequada ao descanso.
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“Existe um movimento mundial de veterinários contra esta forma de transportar animais. Eles são submetidos a condições extremas de estresse e o primeiro sintoma é a falta de apetite, eles param de comer.Depois aparecem as lesões nos membros e nas articulações que podem levar à morte. Na natureza eles se movimentam e a grama é mais macia. Já no navio eles ficam parados sobre uma base totalmente sólida. É desumano”, explica Amanda.
Segundo a veterinária, a Ong VEDDAS conseguiu interceptar, na entrada do porto, um dos caminhões que transportava os bezerros. Nas imagens feitas com um celular é possível ver que um dos bovinos está machucado e não consegue se levantar. O local também está coberto por fezes. O vídeo está disponível no portal Vista-se, um site dedicado ao veganismo e à proteção dos direitos dos animais.
Além disso, os manifestantes questionaram como os resíduos produzidos pelos bois serão armazenados durante a viagem. “Queremos saber o que será feito porque o despejo no mar impacta também o meio ambiente”, explica Paulla.
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Internet
Muitas pessoas se manifestaram em suas redes sociais contra o retorno das operações com carga viva no Porto de Santos.
No site change.org, um abaixo-assinado organizado pelo Comitê Metropolitano de Saúde e Bem Estar Animal da Baixada Santista já contava com quase quatro mil apoiadores em menos de 24 horas no ar.
Como operações deste tipo acontecem com frequência em outros portos do País, os manifestantes planejam entrar com uma ação no Ministério Público para que o procedimento seja proibido por força de lei.
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O vereador de Santos, Benedito Furtado, afirmou que está tentando uma reunião com os órgãos envolvidos para verificar a situação. “Nas imagens que vi está claro que o direito dos animais não está sendo respeitado e maus tratos aos animais é crime”, alertou.
Respostas
A Codesp, autoridade portuária, informou que as operações de carga viva estavam paradas por quase 20 anos somente por falta de demanda.
Já o Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (GAEMA), disse que em cumprimento à determinação da Promotora de Justiça, Dra. Flávia Maria Gonçalves, está analisando a situação por meio da Promotoria de Meio Ambiente de Santos.
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Até o final desta reportagem, segundo informações dos ativistas, a saída do navio que estava programada para as 14 horas de ontem foi adiada para a madrugada.
Histórico
Os animais exportados pertencem ao Minerva Foods, um dos maiores frigoríficos da América Latina. Um novo embarque está programado para janeiro.
Os bovinos vieram de fazendas em Altinópolis e Sabino, cidades do interior de São Paulo, distantes aproximadamente 500 quilômetros do litoral. O navio que fará a viagem é o maior do mundo para transporte de animais, com 201 metros de comprimento, e 32 metros de largura e atracou no terminal Ecoporto, no cais do Saboó.
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