Cotidiano

Em dez anos, uso de bicicleta triplica na Baixada Santista

Região conta com um milhão de ciclistas, segundo a Associação Brasileira de Ciclistas, que neste mês faz dez anos

Vanessa Pimentel

Publicado em 22/02/2017 às 10:00

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Atualmente, a Baixada Santista tem cerca de 300 km de malha cicloviária, porém a meta é chegar aos 500 Km / Matheus Tagé/DL

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No mês de fevereiro, a Associação Brasileira de Ciclistas (ABC) completa 10 anos.  Para o presidente da entidade, Jessé Teixeira Felix, a data merece ser comemorada. “Quando comecei acreditava que algo podia ser mudado e foi”, afirma.  

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Segundo ele, o número de pessoas adeptas à bicicleta como meio de transporte na região triplicou em dez anos e já alcança um milhão.

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Outro dado relevante abordado por Jessé foi a queda no número de mortes de ciclistas, uma das principais bandeiras levantadas pelo grupo. De acordo com ele, antes da construção das ciclovias, em meados de 2006, ­chegavam a ser registradas 32 mortes, a maioria nos municípios de ­Guarujá e São Vicente. Com a construção das ciclovias, os óbitos caíram, chegando a três no ano passado.  

A associação se originou em São Vicente, quando um grupo de ciclistas, preocupado com o número de acidentes que aconteciam na Avenida Presidente Wilson, conhecida também como “tapetão”, decidiu se reunir.

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“Começamos a fazer panfletagem no semáforo da Divisa para chamar a atenção, tanto da sociedade, quanto do poder público”, conta.

Segundo Jessé, uma das campanhas de maior sucesso chamava-se “Motorista Olha o Ciclista”. Com uma faixa em mãos e dados que escancaravam a necessidade da construção de uma malha cicloviária em toda a  região metropolitana, a associação começou a fazer barulho e a conquistar o apoio da sociedade. “Foi uma novidade até para os ciclistas, que nunca tinham visto um protesto em favor deles”, explica.

Na época, o apelo pela mudança de postura dos ciclistas fez com que eles passassem a enxergar a bicicleta como um meio de transporte e, consequentemente, cuidarem melhor dele. A ABC, em parceria com o mecânico Geraldo Celio da Silveira, o dono do contêiner Ponto do Cliclista, em São Vicente, passaram a distribuir e instalar gratuitamente as sapatas de freio a quem solicitasse o serviço. “Era costume para quem andava de bicicleta frear com o pé. Isso causava muitos acidentes, por isso o trabalho foi importante”, justifica Jessé.

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Conquistas

Com o decorrer dos anos, a Associação Brasileira de Ciclistas (ABC) conseguiu se estabelecer junto ao poder público e à população da Baixada Santista. “Nesses dez anos, conseguimos reverter esse paradigma que quem tem bicicleta é pobre. Hoje, quem tem bicicleta é visto como uma pessoa que pensa no futuro, nos filhos, contribui com o planeta e com a sua própria saúde”.  

Jessé diz que se orgulha dessa visão, onde não se contempla apenas o lazer, mas um bem necessário e já parte da rotina de muitos.

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Melhorias

Apesar do espaço que os ciclistas têm conquistado a nível nacional, para a região, segundo Jessé faltam bicicletários públicos e apoio por parte dos empresários. “O shopping da Praia Grande é o único que possui bicicletário. As empresas também precisam começar a disponibilizar um local para que as pessoas possam guardar as bicicletas”, ­sugere.

Outra luta é pela construção de um velódromo para que os atletas tenham um lugar para treinar com mais segurança e pela conclusão das ciclovias da Zona Noroeste que, de acordo com a Prefeitura, caminham para o término no segundo semestre de 2017. Segundo a Administração, a obra localizada na Av. Eleonor Roosevelt está 97% concluída. Já a da Av. Jovino de Melo tem 50%.

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Plano Cicloviário Metropolitano segue sem andamento

De acordo com o presidente da Associação, a Baixada Santista conta com um milhão de ciclistas. Em contrapartida, o sistema cicloviário da região está longe de atender toda esta demanda. “A Agem (Agência Metropolitana da Baixada Santista) tem um plano ­cicloviário ­metropolitano que está enterrado há dez anos”, cita Jessé.

Para ele, com tanta gente se locomovendo de bicicleta, inclusive para trabalhar em outros municípios, já passou da hora da obra ser realizada. Outro ponto é a falta de padronização das ciclovias entre as cidades.

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Agem. Por meio de nota, a Agência ­Metropolitana da Baixada Santista informou que o Plano Cicloviário Metropolitano foi elaborado em 2007 e, na época, havia pouco mais de 143 km de ciclovias na região. A meta era chegar em 2016 com cerca de 500 km, porém o plano não teve andamento em razão da política de contenção de gastos do Governo do Estado. Em 2015, a obra estava orçada em R$ 1,5 milhão.
Atualmente, a Baixada Santista conta com cerca de 300 km de malha cicloviária.

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