Cotidiano

Cresce número de imóveis ociosos na cidade de Santos

Expectativa de crescimento gerada pelo pré-sal e crise econômica levaram ao aumento

Rafaella Martinez

Publicado em 28/02/2016 às 10:00

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Quantidade de placas anunciando venda e aluguel de imóveis se espalharam pela cidade / Luiz Torres/DL

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A oferta de imóveis está maior do que a demanda em Santos e as placas anunciando a venda ou o aluguel se espalharam pelas ruas. A reportagem do Diário do Litoral encontrou, em uma mesma quadra, cinco placas, uma ao lado da outra. A situação vem chamando a atenção, principalmente em virtude do boom imobiliário de outrora que hoje colocou o pé no freio em virtude das denúncias envolvendo o esquema de corrupção na Petrobras e da crise econômica.

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Para o advogado Rogério Marques da Silva, proprietário da Imobiliária Marques, o pré-sal foi um dos principais fatores que inflacionaram o mercado imobiliário de Santos e a não concretização da expectativa de crescimento contribuiu para que inúmeros imóveis fossem desocupados na cidade.

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“Muitas locações comerciais, já duradouras e sempre pontuais, começaram a atrasar aluguéis. Além disso, notamos um aumento na desocupação de imóveis residenciais e comerciais e ao questionarmos os inquilinos, 90% deles alegaram dificuldades financeiras”, destacou Marques.

De acordo com ele, o setor enfrenta demora na expectativa de locações novas e muitos imóveis esperam meses ou anos para serem alugados. “Ultimamente temos alugado, porém somente residenciais. Não há quase nenhuma locação comercial. Parece que poucos querem se aventurar em abrir negócios. Mesmos as locações comerciais que fechamos contrato, após, um ou dois anos devolvem os imóveis por não conseguirem ‘vingar’ no negócio”, destacou.

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O momento é preocupante, de acordo com o advogado, que diz que ainda busca estratégias para otimizar os negócios. “Não achei ainda a receita para conseguir desencalhar o tanto de mercadoria que tenho em minha prateleira e não sei mais o que falar aos clientes que ligam a cada mês, desesperados em verem seus imóveis fechados”, desabafou.

Para o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana Neto, a valorização advinda com o pré-sal foi altamente prejudicial, pois fez com que os preços dos imóveis aumentassem de forma relevante em um curto espaço de tempo. “Hoje, Santos está com uma situação assim: ou nós colocamos esses imóveis no preço de mercado ou a cidade fica travada. As pessoas não têm renda familiar para comprar no preço que estão pedindo aqui”, destacou.

Neto salienta que a crise que assusta Santos repercute de forma positiva em outras cidades da Baixada. “Praia Grande está tendo uma evolução tremenda nesse momento de crise. Mongaguá está fluindo que é uma beleza, pois muita gente que é de Santos está mudando para essas cidades. Vende um apartamento de um dormitório em Santos, você compra um de três dormitórios na Praia Grande – novo, moderno e bonito”.

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Proprietários estão dispostos a reduzir preço nas negociações

Se há um lado bom do momento é que com a defasagem, os valores dos imóveis estão caindo durante a negociação. Corretores apontam que os proprietários estão mais maleáveis e dispostos a reduzir preço para conseguirem fechar negócio.

“Com certeza o mercado mudou, quem ficar com mentalidade do passado, que Santos é a cidade do momento, Petrobras, pré-sal e outros fatores que inflacionaram o mercado imobiliário, ficará com seus imóveis fechados”, destacou Rogério Marques.

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O presidente do Creci endossa o pensamento. “A sociedade local precisa ter cuidado porque deixar os imóveis com preço acima da capacidade da população o mercado fica travado e estagnado. A dica é verificar esses imóveis que foram devolvidos por quem comprou e não teve condições de pagar. De cada 100 imóveis, 41 foram devolvidos, pois o preço estava acima. Tanto estava acima que as incorporadoras dão desconto de 30% 40% para ver se vende. Isso também vale para os aluguéis, porque aí ninguém aluga e a cidade fica travada pois as pessoas não têm potencial financeiro e econômico para atingir o que estão pedindo”.

Futuro do segmento

No entanto, ele diverge quanto ao futuro do segmento na região. ”Acredito que o pré-sal, que muitos dizem que está parado, está se desenvolvendo. A Petrobras bateu recorde de produção no ano passado - 2,4 milhões de barris por dia. Esse recorde vai ser batido novamente. O pré-sal vai trazer para essa cidade o desenvolvimento. O desenvolvimento dele ainda nem começou. Acredito que passada a crise política, Santos vai ter uma retomada fantástica”, finalizou.

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